No início da década de 1990, a economia iraquiana estava seriamente vulnerável devido à oscilação do preço do barril de petróleo no mercado mundial. Este era o principal, senão único, produto de exportação do qual o país dependia para sobreviver. Em julho de 1990, o presidente Saddam Hussein, apoiado pelo exército iraquiano, acusou o Kuwait de causar a queda brusca dos preços de petróleo e exigiu uma indenização de 2,4 bilhões de dólares. Entretanto, o verdadeiro interesse de Hussein, com o respaldo de seu exército, era tomar as refinarias de petróleo do Kuwait e se igualar à sua rival Arábia Saudita como o maior exportador mundial de petróleo, salvando assim sua economia.
A Invasão do Kuwait pelo exército iraquiano e a reação da comunidade internacional
Em 2 de agosto de 1990, Saddam Hussein invadiu o Kuwait com 120 mil soldados para controlar seus vastos e valiosos campos de petróleo. Essa ação provocou uma reação imediata da comunidade internacional. Os bens do Iraque no exterior foram bloqueados e a ONU, através das principais potências ocidentais, condenou a invasão. Dois dias após a invasão, cerca de seis mil cidadãos ocidentais, principalmente europeus e norte-americanos, que viviam no Kuwait foram feitos reféns pelas tropas iraquianas e conduzidos até o Iraque, onde alguns deles foram colocados em áreas estratégicas como refinarias e depósitos de munições para evitar um possível bombardeio aéreo da OTAN contra esses locais.
O Impacto das sanções no Brasil
Nesse mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU impôs um boicote comercial, financeiro e militar ao Iraque, proibindo que qualquer país do mundo fizesse qualquer tipo de negócio com os iraquianos, sob pena de também sofrer essas mesmas sanções. O Brasil se viu extremamente prejudicado por essa decisão, pois tinha excelentes relações comerciais com o Iraque. Metade do petróleo consumido no Brasil vinha daquele país, e o Iraque era um dos poucos países que davam crédito para a compra de petróleo.
Além disso, o Brasil vendia para Saddam Hussein muitos produtos industrializados, alimentos, minérios e, principalmente, armas, automóveis e urânio. O Iraque naquela altura investia pesado na compra de armamentos de vários países, e o Brasil era um dos seus principais fornecedores. Com as sanções contra aquele país, o Brasil precisou parar imediatamente de fazer negócios com Saddam Hussein.
O Sistema de lançamento de mísseis Astros do Brasil
Entre 1984 e 1989, o Iraque havia comprado do Brasil 80 aeronaves de ataque ao solo Tucano, mais de 1.600 veículos blindados entre os modelos de transporte de tropas e de reconhecimento, além de ter sido um dos primeiros países a comprar o sistema brasileiro de artilharia de mísseis e foguetes para a saturação de área, o Astros 2. O Brasil enviou 80 unidades desse sistema para o Iraque.
A Operação tempestade no deserto
Em 17 de janeiro de 1991, começa a Operação Tempestade no Deserto, uma coalizão internacional de 29 países liderados pelos Estados Unidos, declarando guerra ao Iraque. Os alvos prioritários dos bombardeios aéreos eram as armas de maior poder de fogo do Iraque, incluindo os mísseis do sistema brasileiro Astros 2 e os mísseis Scud de fabricação soviética.
Os oficiais generais americanos orientaram o presidente George Bush a não enviar as tropas da OTAN para o terreno antes de garantir que todos esses sistemas de lançamento de mísseis do Iraque estivessem destruídos. Isso levou as forças especiais dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Israel a filtrar em sigredo pelo oeste do Iraque para tentar localizar as posições dos Astros 2 e dos Scuds e destruí-los. exército
A Eficácia do sistema de mísseis astros 2
Conforme indicam os manuais técnicos, após serem utilizados, os Astros 2 eram rapidamente retirados de posição e escondidos pela Arábia Saudita e Síria, que tinham tropas na fronteira. Houve confrontos de baterias de Astros 2 iraquianas contra as sauditas, com as linhas de frente de ambos os lados, antes que se iniciasse a operação terrestre das tropas da OTAN.
Somente após mais de um mês de bombardeios e combates aéreos, quando os sistemas de artilharia antiaérea e as aeronaves iraquianas já tinham sido todas destruídas, não podendo mais prover proteção aérea para o deslocamento e camuflagem dos Astros 2 e dos Scuds, é que a coalizão internacional pôde destruí-los com ataques aéreos e até de forças especiais.
A Vitória da coalizão internacional sobre o exército iraquiano
Após a destruição dos lançadores de mísseis iraquianos de fabricação brasileira e soviética, a coalizão internacional, com quase 1 milhão de soldados, a maioria norte-americanos, contra cerca de 600 mil tropas iraquianas, iniciou em 24 de fevereiro de 1991 a operação terrestre no Kuwait e no Iraque. Em apenas três dias, as tropas aliadas arrasaram as forças iraquianas, libertando o Kuwait e vencendo a guerra. exército
O sistema de lançamento de mísseis Astros 2, desenvolvido no Brasil, demonstrou sua eficácia e causou grande preocupação entre as forças da OTAN durante a Guerra do Golfo. Sua mobilidade e capacidade de saturação de área foram fatores determinantes que retardaram o avanço das tropas aliadas no início do conflito. Somente após a destruição desse sistema, as forças da coalizão internacional puderam avançar e obter a vitória final.
A Guerra do Golfo de 1991 foi um conflito de grande importância histórica, não apenas pelas suas consequências geopolíticas, mas também pelo papel desempenhado por tecnologias desenvolvidas por países emergentes, como o Brasil. O sistema de lançamento de mísseis Astros 2 provou ser uma arma formidável, capaz de retardar o avanço das forças da OTAN e causar grande preocupação entre os líderes militares da coalizão internacional. Essa experiência demonstra a importância do desenvolvimento de tecnologias de defesa nacionais e sua capacidade de influenciar o curso de conflitos internacionais. exército