Durante uma cúpula da OTAN em Washington, a Casa Branca anunciou nesta quarta-feira a instalação de mísseis de cruzeiro Tomahawk na Alemanha.
Além disso, os EUA anunciaram a implantação de outras armas de longo alcance na Europa, afirmando que essa medida serve como um impedimento estratégico.
A decisão de Washington enfrentou críticas na Alemanha, incluindo de membros do partido social-democrata do Chanceler alemão Olaf Scholz. Mesmo assim, Scholz defendeu a medida. O Chanceler afirmou durante a cúpula da OTAN que se trata de “dissuasão, garantia de paz, e uma decisão necessária no momento certo.”
Implantação de mísseis de longo alcance
Os EUA planejam iniciar as “implantações episódicas” de mísseis de longo alcance na Alemanha em 2026, com a intenção de eventualmente estacioná-los de forma permanente. Isso aumentará significativamente seu alcance em comparação aos sistemas atuais na Europa.
De acordo com a Casa Branca, em declaração conjunta com o governo alemão, “exercitar essas capacidades avançadas demonstrará o comprometimento dos Estados Unidos com a OTAN e suas contribuições para a dissuasão integrada europeia.”
O embaixador russo na Alemanha, Sergei Nechayev, alertou sobre a deterioração das relações entre Moscou e Berlim se a mobilização prosseguir. De acordo com o embaixador, “é de se esperar que as elites políticas alemãs reconsiderem se um passo tão destrutivo e perigoso, que não contribui nem para a segurança da Alemanha nem para o continente europeu, é aconselhável”. Nechayev acrescentou que isso causaria sobretudo “danos irreparáveis às relações germano-russas.”
Nova Guerra Fria
A memória da Guerra Fria ainda persiste na Alemanha, onde a instalação de mísseis dos EUA provoca protestos e traz principalmente lembranças dolorosas. Segundo Ralf Stegner, membro do parlamento pelos sociais-democratas, a decisão pode sinalizar uma nova “corrida armamentista”, tornando o mundo “mais perigoso”.
Já de acordo com Sahra Wagenknecht, figura proeminente da extrema esquerda, a implantação dos mísseis dos EUA “aumenta o perigo de que a própria Alemanha se torne um teatro de guerra.”
Nos anos 1980, a implantação de mísseis balísticos Pershing II na Alemanha Ocidental gerou manifestações massivas. Embora os mísseis tenham permanecido durante a reunificação da Alemanha, após o fim da Guerra Fria, os EUA reduziram significativamente o número de mísseis na Europa.
A invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 levou os países da OTAN, liderados pelos EUA, a sobretudo reforçar suas defesas no continente.