O governo federal impôs sigilo ao processo sobre o plano de modernização da atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal em portos e aeroportos.
Esse plano é exigido pelo decreto da GLO (Garantia de Lei e da Ordem) assinado pelo presidente Lula em novembro de 2023 e deveria estar pronto desde fevereiro deste ano. As informações são do Estadão.
Segundo o jornalista Vinícius Valfré, que assina a Coluna do Estadão, a versão do governo é de que a divulgação pode ser prejudicial à segurança nacional. Mas essa não é a primeira vez que o governo cria um argumento sobre o descumprimento do prazo. A primeira explicação foi de que o texto seguia em validação pelo Ministério da Justiça e ainda não podia ser apresentado.
Pelo plano, o governo deveria incrementar a atuação das forças de segurança nos portos de Santos (SP), Itaguaí (RJ) e Rio de Janeiro (RJ) e nos aeroportos do Galeão (RJ) e de Guarulhos (SP) como forma de fortalecer o combate ao tráfico de drogas e de armas e outras condutas ilícitas.
Após ser prorrogada, a operação de GLO foi encerrada em 4 de junho.
Ainda de acordo com Valfré, a avaliação predominante no governo é de que o protagonismo dos militares incomodava a Polícia Federal e a Receita Federal, que têm como atribuição atuar em portos e aeroportos. Além disso, os custos eram altos demais para as Forças Armadas, em especial o Exército, em um cenário de verba curta.
O plano também recebeu críticas por, supostamente, não ser capaz de resultar em um combate estruturado e de longo prazo contra o crime organizado.
Números da GLO
De acordo com o governo, de novembro de 2023 a maio de 2024, foram apreendidas 72,3 toneladas de drogas, sendo 12,4 toneladas de cocaína e 5,4 toneladas de pasta-base de cocaína.
Um total de 282 armas foram apreendidas (entre elas 30 fuzis), 3.178 pessoas foram presas e houve 11,2 mil fiscalizações em embarcações e 107,6 mil cargas inspecionadas, além de 7,8 mil contêineres vistoriados.
O valor das diárias e custos operacionais ficou em R$ 215,6 milhões, divididos entre Polícia Federal (R$ 3,2 milhões), Força Nacional (R$ 1,5 milhão), Forças Armadas (R$ 182 milhões) e Polícia Rodoviária Federal (R$ 28 milhões).Na época, o governo justificou a prorrogação “pelos bons resultados alcançados por todos os órgãos envolvidos”.