O coronel da reserva do Exército, Rubens Pierrotti Junior, lançou no Rio de Janeiro nesta segunda-feira, 15 de julho, seu livro Diários da Caserna, em que denuncia suposta corrupção no Exército. Segundo ele, todas as histórias contadas na publicação são reais, mas os personagens envolvidos tiveram os nomes trocados.
A publicação tem 528 páginas e cita especialmente Hamilton Mourão, ex-vice-presidente e, atualmente, senador (Republicanos-RS).
Mourão, no entanto, não é o único alvo. Diversos ex-colegas de farda de Pierrotti teriam, segundo ele, compactuado com irregularidades na compra de um simulador de apoio de fogo da empresa Tecnobit pelo valor de R$ 32 milhões. A compra foi iniciada em 2010 e concluída em 2016.
O equipamento é uma espécie de megavideogame que simula combates com uso de artilharia por meio da realidade virtual, com o objetivo de economizar munição de verdade.
O TCU (Tribunal de Contas da União) de fato apontou irregularidades no processo de compra, mas o plenário da Corte arquivou o caso em 2021 após um julgamento relâmpago que durou apenas 3 minutos. Semelhantemente, o MPM (Ministério Público Militar) também arquivou as denúncias.
Pierrotti era supervisor operacional do projeto, mas se desligou em 2014 apontando suposto direcionamento para favorecer a Tecnobit e diversas outras supostas irregularidades, como pagamentos antecipados antes de execução, tráfico de influência e desperdício de dinheiro público.
O próprio Corpo Técnico do Exército reprovou o equipamento, mas, com a entrada de Mourão no processo, ele teria sido destravado mesmo com as reprovações da equipe da Força Terrestre.
As denúncias se tornaram públicas em 2018, por meio de uma extensa reportagem do jornal El País.
Sobre o Exército, o autor fala de recompensa de malfeitores, uso sem critério de verbas, confusão entre público e privado e outras irregularidades.
Procurado pela Folha de São Paulo, o Exército disse que preza pela correta execução da administração pública e que sua exemplar execução orçamentária tem controle e acompanhamento da estrutura de auditoria interna, além do controle externo.
A Força Terrestre ainda defendeu a compra do megavideogame, alegando que ele reforça a grande economia de recursos públicos e gera ganho operacional no adestramento ininterrupto da tropa, por conta da plena disponibilidade, praticidade e baixo custo de utilização.
O livro Diários da Caserna: Dossiê Smart: a História que o Exército Quer Riscar, é da editora Labrador e custa R$ 69,90 no formato físico e R$ 49,90 no formato e-book.