Vários países europeus encerraram o alistamento militar obrigatório após o fim da Guerra Fria, em 1991. Mas a ameaça russa fez vários deles reintroduzirem o sistema e até mesmo punir os cidadãos desobedientes com multas e até mesmo prisão.
Na Letônia, o alistamento obrigatório voltou a acontecer este ano, após interrupção de 18 anos.
Mas em outros países, a desconfiança vem desde 2014, quando a Rússia anexou ilegalmente a Crimeia.
A Lituânia, por exemplo, reintroduziu o serviço militar obrigatório em 2015 e recruta anualmente de 3,5 mil a 4 mil lituanos por um período de 9 meses.
Já na Noruega, apesar do alistamento sempre ter sido obrigatório, em 2015 passou a dar igualdade de condições a homens e mulheres, algo que o Brasil almeja fazer.
Até mesmo a Alemanha, que tem aversão à militarização desde o fim da 2ª Guerra Mundial, apresentou uma proposta em junho para um novo serviço militar, por enquanto voluntário. No Reino Unido também acontecem discussões nesse sentido.
Todas as nações têm em comum o desejo de reforçar as defesas diante da provável escalada da guerra na Europa, após Putin recorrer ao conflito aberto na Ucrânia a fim de recriar o império soviético.
Robert Hamilton, chefe de pesquisa da Eurásia no Instituto de Pesquisa de Política Externa e oficial do Exército dos EUA por 30 anos, disse à CNN que estamos chegando à conclusão de que talvez tenhamos que ajustar a forma como nos mobilizamos para a guerra e ajustar também a forma como produzimos equipamentos militares e recrutamos e treinamos pessoal.
“É tragicamente verdade que aqui estamos, em 2024, lidando com as questões de como mobilizar milhões de pessoas para serem lançadas em uma carnificina de guerra em potencial, mas é onde a Rússia nos colocou”.
Wesley Clark, general aposentado que serviu como Comandante Supremo Aliado da Europa na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), afirmou que agora temos uma guerra na Europa que nunca pensamos que veríamos novamente.
“É um aviso muito iminente para a Otan de que precisamos reconstruir nossas defesas”.
Para Clark, esses esforços incluem o serviço militar obrigatório.