Após anos de relutância, o Brasil finalmente anunciou seu plano de se unir à ambiciosa Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) da China. Trata-se sobretudo de uma mudança significativa na política externa do país que promete reverberar no cenário global.
Esta decisão, que vem após uma série de negociações e reavaliações, marca uma nova fase nas relações entre Brasília e Pequim.
Historicamente, o Brasil sempre manteve uma postura cautelosa em relação à BRI. A BRI é uma vasta rede de projetos de infraestrutura que visa conectar principalmente a Ásia, Europa e África através de uma série de corredores comerciais terrestres e marítimos.
No entanto, recentes desenvolvimentos econômicos e geopolíticos catalisaram uma reconsideração desta postura. A adesão à BRI sinaliza o reconhecimento por parte do Brasil sobretudo das vantagens estratégicas e econômicas oferecidas pela integração a esta rede global.
Impacto econômico e potenciais benefícios
Em junho, José Guimarães, líder do partido governista no parlamento brasileiro, insinuou no X (antigo Twitter) que o vice-presidente Geraldo Alckmin estava prestes a “finalizar” a admissão do Brasil à iniciativa durante uma visita a Pequim. Entretanto, Alckmin, que presidiu uma cúpula da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível para Consulta e Cooperação ao lado do vice-presidente chinês Han Zheng, posteriormente negou essas reportagens, afirmando que o tópico estaria “na pauta de discussão”, sem confirmação de uma adesão iminente.
A inclusão do Brasil na BRI pode trazer benefícios substanciais, incluindo investimentos significativos principalmente em infraestrutura. Além disso, espera-se um fortalecimento das relações comerciais com a China, atualmente, o maior parceiro comercial do Brasil. Espera-se que projetos relacionados à BRI no Brasil abranjam uma ampla gama de áreas, desde ferrovias e portos até energia renovável e tecnologia, impulsionando o crescimento econômico e criando novas oportunidades de emprego.
Reações internacionais
Lula confirmou sua participação na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que acontecerá em novembro no Peru. A reunião contará também com a presença do líder chinês Xi Jinping, que participará da inauguração do novo porto de Chancay, um empreendimento financiado pela mesma iniciativa. O novo porto deve impulsionar o comércio entre a China e a América do Sul.
Em uma declaração na última quinta-feira, Lula destacou a importância do evento: “Esta é a primeira vez que o Brasil é convidado para a cúpula da Apec. Apesar da minha agenda lotada, decidi que irei, pois o Brasil busca se integrar ao ‘mundo da China'”. O presidente brasileiro enfatizou a necessidade de explorar novas oportunidades comerciais no Pacífico.
A decisão do Brasil de se unir à BRI não passou despercebida no cenário internacional. Países ocidentais, particularmente os Estados Unidos, que têm expressado preocupações sobre a influência crescente da China na América Latina, estão monitorando de perto este desenvolvimento. Internamente, o Brasil também enfrenta desafios, como garantir que os projetos de infraestrutura sejam sustentáveis e benéficos a longo prazo para a população local.