Em uma atitude que desafia a política oficial de Uma Só China, os Estados Unidos realizaram exercícios militares próximos ao Mar da China Meridional. Os exercícios aconteceram ao mesmo tempo que legisladores americanos visitam Taiwan.
Fuzileiros navais dos EUA e das Filipinas se envolveram no último mês em intensos jogos de guerra em ilhas próximas a Taiwan, de acordo com o The Wall Street Journal. Os exercícios incluíram a mobilização de tropas via helicópteros Chinook, preparação de rifles de assalto e exploração de terrenos que poderiam ser críticos em um eventual conflito.
Esses treinamentos oferecem um vislumbre perturbador da perspectiva militar dos EUA, sugerindo que um confronto direto com a China poderia facilmente escalar para uma Terceira Guerra Mundial, dada a capacidade nuclear de ambas as nações.
Preparações para “uma grande guerra no Pacífico”
Historicamente, os EUA sempre mantiveram uma “ambiguidade estratégica” sobre sua intervenção em Taiwan, evitando esclarecer se enviariam suas forças armadas ao território. No entanto, o presidente Joe Biden rompeu com essa tradição, afirmando que estaria, sim, disposto a enviar tropas americanas.
De acordo com reportagens da mídia americana, os EUA estão se reestruturando para se preparar para uma grande guerra no Pacífico. Isso afastaria a doutrina americana das operações de contraterrorismo e contrainsurgência que dominaram suas ações no Oriente Médio. A Secretária do Exército Christine Wormuth confirmou essa mudança de foco para operações de combate em larga escala.
Analistas militares preveem que os EUA precisarão confrontar a China militarmente nos próximos anos para conter sua ascensão econômica. De acordo com a Rand Corporation, um think tank especializado em política global, uma guerra com a China deveria ocorrer até 2025 para que os EUA prevaleçam. O mesmo sentimento é ecoado por altos oficiais militares americanos que apontam datas específicas para um possível conflito.
Delegação do Congresso americano em Taiwan
Durante os exercícios, uma delegação bipartidária do Congresso dos EUA chegou a Taiwan para se reunir com autoridades locais, em um movimento visto sobretudo como provocação adicional. A visita ocorreu em meio a tensões crescentes, com a China realizando exercícios militares em resposta a declarações separatistas de políticos taiwaneses.
De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, os EUA precisam cumprir seriamente o princípio de Uma Só China e evitar visitas de membros do Congresso a Taiwan. Os EUA adotaram essa política oficialmente em 1972, no Comunicado de Xangai, e reafirmaram seu compromisso em 1979 e 1982. Essa política reconhece o governo da República Popular da China como o único governo legal da China e Taiwan como parte de uma só China.
Esta série de eventos sublinha a crescente militarização e tensão na região, com implicações potencialmente devastadoras para a estabilidade global.