As eleições presidenciais da Venezuela em 2024, realizadas em 28 de julho, foram marcadas por uma série de controvérsias que levantaram questionamentos sobre a legitimidade do processo eleitoral. O cenário político está dominado pelo governo de Nicolás Maduro, que exerce um controle rígido sobre o poder e uma repressão severa sobre a oposição política.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sob a influência do governo de Maduro, anunciou no dia 29 de julho resultados parciais indicando uma vitória de Maduro com 51% dos votos. Seu principal adversário, Edmundo González, obteve 44%. No entanto, a transparência na divulgação das atas eleitorais recebeu críticas de diversos países do mundo, devido a suspeitas de fraude eleitoral.
Acusações de fraude e provas apresentadas
A oposição, liderada pela frente ampla Plataforma Unitária Democrática (PUD), afirmou que houve fraude no processo eleitoral. Segundo a PUD, González seria o verdadeiro vencedor do pleito com 67% dos votos, contra apenas 30% de Maduro. Para sustentar suas alegações, a PUD divulgou no site resultadosconvzla.com arquivos e imagens das atas de votação, acompanhadas de um QR code verificável e dados em formato CSV. Os arquivos mostram resultados por estados e seções eleitorais para 24.532 seções.
De acordo com os dados preliminares disponibilizados pela PUD, Edmundo González, ex-diplomata e candidato do Partido Unido (PU), apoiado por María Corina Machado (centro-direita), obteve 67,14% dos votos, o que equivale a 7.156.462 votos. Em contrapartida, Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), considerado um regime autoritário, teria recebido apenas 30,41% dos votos.
A análise dos resultados por estado revelou que González conquistou a maioria dos votos em todos os 24 estados do país, incluindo Caracas. Em Táchira, González obteve a grande maioria, com 81,94% dos votos. Já Maduro teve sua maior porcentagem em Sucre, com 47,7%, e a menor em Mérida, com 21,3%. Esses dados foram baseados em 99% dos votos válidos e 81% das atas digitalizadas e apuradas pela PUD, considerando uma participação eleitoral de 60%.
Falta de transparência e questionamentos
A falta de dados abertos e transparentes por parte do Conselho Nacional Eleitoral e a ausência de comprovação total dos resultados aumentaram as dúvidas sobre a legitimidade das eleições. A divulgação dos dados pela PUD, apesar de significativa, ainda aguarda uma verificação completa e independente.
A alegação de fraude e a apresentação de provas pela PUD colocam em xeque a vitória anunciada por Nicolás Maduro. Trata-se sobretudo um impasse político que poderá ter repercussões significativas no futuro do país. A necessidade de uma investigação transparente e imparcial é crucial para garantir a legitimidade do processo eleitoral e a estabilidade política na Venezuela.