A Suécia, conhecida por sua longa história de neutralidade, deu um passo sem precedentes ao enviar um pacote massivo de ajuda militar à Ucrânia, marcando uma mudança significativa em sua política externa. Em 29 de maio, Estocolmo anunciou seu 16º pacote de ajuda à Ucrânia, desta vez focado em apoio militar, com o objetivo de enfraquecer as forças russas no conflito em andamento. Este movimento destaca o comprometimento da Suécia em apoiar a defesa ucraniana, mesmo a um custo considerável para sua própria segurança nacional.
Historicamente, a Suécia manteve uma política de neutralidade que remonta às Guerras Napoleônicas, evitando conflitos diretos, inclusive durante as duas Guerras Mundiais. No entanto, a invasão da Ucrânia pela Rússia despertou temores antigos em Estocolmo, levando o país a reverter sua posição tradicional e se aliar à Ucrânia. A decisão de enviar ajuda militar reflete a crescente percepção de ameaça que a Suécia enxerga na agressão russa.
O pacote mais recente, avaliado em cerca de US$ 1,23 bilhão, inclui uma ampla gama de armamentos, como mísseis RB 99-AMRAAM, veículos de combate de infantaria PBV 302, e dois aviões de alerta aéreo antecipado e controle (AWACS) SAAB ASCC 890. Essas aeronaves, essenciais para a defesa aérea ucraniana, permitirão a detecção e rastreamento de mísseis e drones, aumentando a capacidade de resposta de Kyiv.
O pacote também contempla o envio de munições adicionais, incluindo projéteis de artilharia de 155mm, crucial para manter a resistência ucraniana até 2025. Estocolmo deixou claro que todos os armamentos fornecidos podem ser utilizados contra alvos em solo russo, caso Kyiv considere necessário. Essa medida ressalta o comprometimento sueco em garantir que a Ucrânia possa continuar a resistir à agressão russa.
Além do apoio militar, a Suécia está investindo na infraestrutura de defesa ucraniana, auxiliando na criação de um instituto de pesquisa de defesa em Kyiv e fornecendo subsídios para a compra de equipamentos e munições. Estocolmo também promete aumentar seu próprio orçamento de defesa para compensar as perdas decorrentes da doação de equipamentos, demonstrando sua determinação em manter o apoio à Ucrânia a longo prazo.
A decisão de enviar este pacote de ajuda coloca a Suécia em uma posição vulnerável temporária, mas o país optou por correr o que o primeiro-ministro Ulf Kristersson chamou de “risco calculado”. A Suécia está ciente de que é melhor enfrentar a ameaça russa em território estrangeiro do que arriscar um conflito mais próximo de casa.
O apoio sueco à Ucrânia é visto como vital para a manutenção da resistência ucraniana. O Ministério da Defesa da Estônia estima que, com a ajuda adequada, a Ucrânia pode infligir baixas significativas nas forças russas, potencialmente alterando o curso do conflito a favor de Kyiv.
Enquanto a ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia enfrenta incertezas políticas, o compromisso da Suécia em apoiar Kyiv parece firme. A posição da Suécia como novo membro da OTAN e seu histórico de neutralidade tornam sua contribuição particularmente simbólica, incentivando outros países europeus a continuarem apoiando a Ucrânia.
Estocolmo deixou claro que seu apoio à Ucrânia será contínuo e que está preparada para fazer investimentos substanciais para garantir que Kyiv possa resistir e, eventualmente, vencer o conflito. Este é um capítulo novo e decisivo na história sueca, e seu impacto sobre o conflito na Ucrânia será observado de perto pelos próximos anos.