A Organização Mundial de Saúde, órgão ligado a ONU, tem, entre outras missões, avaliar e analisar cenários críticos e emergenciais em termos de saúde pública que podem afetar a vida de todo o planeta. Um dos casos mais emblemáticos e que ainda está fresco na memória de todo mundo foi a situação de emergência desencadeada pela propagação da COVID-19.
Mas esse não foi o único caso em que a OMS ligou o alerta vermelho e colocou o mundo em estado de atenção. Situações semelhantes já aconteceram e estão acontecendo neste momento. Para entender melhor, a declaração de emergência emitida pela OMS é considerada o mais alto nível de alerta com base no regulamento sanitário internacional vigente.
Em 2024, o alerta foi emitido pela oitava vez ao longo da história do órgão. Veja a seguir, as oito vezes em que a OMS voltou sua atenção para a proliferação de vírus e bactérias que passaram (e ainda estão passando) do controle, confira:
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H1N1 (2009-2010)
Uma nova cepa do vírus Influenza A, conhecido como H1N1, foi considerada emergência pela OMS em março de 2009, quando autoridades sanitárias mexicanas identificaram um surto da doença, que também foi responsável pela pandemia de gripe espanhola entre os anos de 1918 e 1920. Inicialmente designada como gripe suína, a doença se espalhou rapidamente pelos Estados Unidos, chegando aos quatro cantos do mundo. Mais tarde, a doença foi renomeada de gripe A.
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Poliomielite (2014-presente)
O vírus causador da poliomielite é altamente infeccioso, capaz de invadir o sistema nervoso central ao ser transmitido principalmente por via fecal-oral. A vacina conseguiu reduzir em 99% os casos da doença, mas em 2014, um novo surto foi detectado e a OMS decretou estado de emergência para conter o avanço da polio, conhecida também como paralisia infantil. Segundo o órgão, ainda são necessários esforços para erradicar o vírus por completo.
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Ebola (2013-2016)
Com uma taxa de letalidade que pode chegar a até 90%, o vírus do Ebola levou a OMS declarar a doença como emergência em saúde pública de importância internacional em 2013. O surto afetou principalmente os países africanos do Guiné, Libéria e Serra Leoa. Descoberto em 1976 a partir de casos no Sudão e na República Democrática do Congo, o vírus tem o morcego como hospedeiro mais provável. Acredita-se que a doença tenha sido transmitida para seres humanos a partir do contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados.
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Zika (2016)
Outro caso emblemático, sobretudo no Brasil, foi a infecção causada pelo vírus Zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue. Os primeiros casos apareceram no Brasil em 2015, foi somente em 2016 que a OMS decretou a doença como emergência em 2016. O vírus é responsável por causar casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos, além de malformações em bebês possivelmente associados à infecção em gestantes. Em novembro do mesmo ano, a organização declarou o fim da emergência, destacando que o cenário precisaria ser monitorado com atenção a longo prazo.
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Ebola (2019-2020)
Em 2019, o vírus Ebola voltou a ser decretado como emergência em saúde após um surto na República Democrática do Congo. Na época, a OMS pediu ajuda aos Estados-membros para que redobrassem seus esforços no combate a doença e trabalhassem “em solidariedade” com o intuito de interromper a propagação da doença no continente africano. Atualmente, a OMS considera risco elevado apenas na região afetada.
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Covid-19 (2020-2023)
Dentre todos os alertas de saúde emitidos pela OMS, o que mais causou repercussão e mortes foi a pandemia de COVID-19. O primeiro alerta foi emitido em 31 de dezembro de 2019, quando diversos casos de pneumonia de causa desconhecida estavam sendo relatados na cidade de Wuhan, na China. Uma semana depois, autoridades sanitárias chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus, nomeado de SARS-CoV-2 e responsável pelo quadro batizado de covid-19. Um mês depois, em 30 de janeiro de 2020, a doença foi oficialmente declarada emergência em saúde pública de importância internacional e, em 11 de março, foi caracterizada pela OMS como pandemia.
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Mpox (2022-2023)
A primeira vez que o mpox foi decretado como emergência em saúde pública pela OMS foi em julho de 2022. O número de casos atingiu o pico em agosto, mas começou a perder força até diminuir consideravelmente em abril de 2023. Em maio do mesmo ano, a OMS concluiu que a doença não constituía mais uma emergência.
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Mpox (2024-presente)
Contudo, recentemente, o mpox voltou a tomar conta dos noticiários fazendo com que o diretor-geral da OMS convocasse um comitê de emergência para novamente avaliar o cenário da doença na África e o risco de disseminação internacional da doença. O cenário se agravou ao longo dos últimos meses em razão de uma nova variante. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) chegou a declarar emergência em saúde pública de segurança continental. Neste momento, o mpox foi declarado novamente como emergência global. A nova cepa do vírus preocupa os cientistas e as autoridades em saúde por conta da rápida disseminação da doença, o que poderia levar o mundo a uma nova pandemia.