O candidato Pablo Marçal (PRTB), quarto colocado nas pesquisas para a Prefeitura de São Paulo, tornou-se o centro das atenções após o primeiro debate entre os postulantes ao cargo. A postura incisiva adotada por Marçal, especialmente em embates com Guilherme Boulos (PSOL), repercutiu fortemente nas redes sociais.
Segundo levantamento do Datafolha e da empresa Codecs, o nome de Marçal apareceu 326.043 vezes na internet entre 5 e 11 de agosto. Trata-se sobretudo de um aumento expressivo de 1.204% em comparação ao período anterior.
O debate não só alavancou a popularidade de Marçal nas redes, mas também gerou discussões acaloradas sobre sua estratégia de ataque aos adversários. Frases polêmicas, como a insinuação de que Boulos “frequenta biqueiras”, viralizaram rapidamente, aparecendo em 5% das menções feitas a Marçal.
Apesar do discurso do candidato conseguir captar a atenção do público,grande parte da repercussão foi negativa. Foram pelo menos 53 mil menções a uma condenação judicial sofrida por Marçal em 2010. Boulos e Tabata Amaral exploraram a condenação durante o debate.
Investigação do Ministério Público Eleitoral
As declarações feitas por Pablo Marçal durante o debate não passaram despercebidas pelas autoridades. O Ministério Público Eleitoral (MPE) solicitou que a Polícia Federal investigue o candidato por alegar, sem provas, que Guilherme Boulos seria usuário de substâncias químicas. O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior, da 2ª Zona Eleitoral, acolheu a manifestação da equipe de Boulos, destacando que as acusações são “capazes de influenciar o eleitorado”.
A equipe jurídica de Marçal declarou que o procedimento faz parte do processo legal e que o candidato está confiante em demonstrar sua inocência.
O embate com Boulos, as tensões no debate e a “carteira de trabalho”
O debate de 14 de agosto de 2024, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi marcado sobretudo por um confronto ainda mais intenso entre Marçal e Boulos. Durante o evento, Boulos comparou Marçal ao controverso Padre Kelmon, que concorreu às eleições presidenciais de 2022. Em resposta, Marçal retirou uma carteira de trabalho e declarou que, se fosse um padre, exorcizaria o “demônio” do psolista, a quem chamou de “vagabundo” que nunca trabalhou.
A troca de acusações e ofensas pessoais, que continuou nos bastidores após o debate, ilustra um clima de disputa acirrada, com ambos os lados utilizando a retórica agressiva como principal estratégia de campanha. A postura de Marçal, no entanto, levanta questões sobre os limites do discurso político e as possíveis consequências de tais declarações para o processo eleitoral e a imagem dos candidatos.