A Polícia Militar de Goiás está investigando um esquema de superfaturamento na compra de materiais escolares para os colégios militares do estado. De acordo com informações apuradas pelo site Metropoles, o esquema ainda mantinha tráfico de influência para escolha das empresas que realizam as cerimônias de formatura dos alunos e pagamento de propina ao deputado estadual Coronel Adailton (Solidariedade).
De acordo com as investigações, a Gráfica Sete fechou um contrato com valor superfaturado para a produção de agendas escolares. Em 2020, a empresa apresentou uma proposta para o governo de Goiás para produção de 65 mil agendas no valor de R$ 7,28. Já em janeiro deste ano, o comandante de Ensino da PM, Coronel Luciano Souza Magalhães, definiu que o valor para produção de cada agenda seria de R$ 30 a unidade.
“Informações dão conta de que o valor extrapolado foi repassado como doação de campanha para o deputado estadual Coronel Adailton (SD)”, informa o relatório da PM. Vale ressaltar que a gráfica foi contratada na campanha eleitoral de 2022 do deputado Adailton.
Propina para promoção de agentes
Além do superfaturamento dos materiais escolares, o Coronel Adailton também é apontado no relatório como responsável por um esquema de propina que influenciava na promoção de agentes. Segundo o documento, o parlamentar cobraria cerca de R$ 5 mil para promover os agentes a cargos de diretores.
A apuração do site Metropoles indicou ainda que o coronel Luciano Magalhães, quando foi comandante de Ensino da PM, atuou como uma espécie de “braço direito” do parlamentar, que manteve influência política sobre 19 das 82 unidades de colégios militares de Goiás.
Formaturas e cerimônias
O setor de inteligência da PM está investigando também o tráfico de influência na escolha das empresas que realizam eventos e formaturas dos colégios militares, eventos esses pagos com recursos das Associações de Pais, Mestres e Familiares (APMFs).
As empresas citadas no relatório são: Patricia Saries Eventos, Alto Rellevo Produtora de Eventos Eireli, Alto Rellevo Fotos e Eventos Ltda, Gr8 Infórmática e Sistemas Ltda e a Grafset Grafica Editora Ltda. Todas elas, de acordo com o documento, seriam impostas pelo coronel Luciano Magalhães. Ao todo, 35 dos 82 colégios militares de Goiás firmam contrato com ao menos uma dessas empresas.
“As três primeiras teriam como foco principal a solenidade de formatura, mas o que na verdade ocorria era o uso das instalações dos Colégios e de servidores públicos para a realização dos eventos. Não existem critérios de regulação de aquisição de contratos para prestação de serviços e outros gastos que essas associações administram”, informou o relatório.
As denúncias estão sendo investigadas em um inquérito recém-instalado pela Corregedoria da Polícia Militar.