A guerra entre Ucrânia e Rússia ultrapassou as fronteiras europeias e atingiu o continente africano, com a confirmação de que Kiev está apoiando grupos armados contra o Grupo Wagner, uma milícia de mercenários russos, em países como o Mali.
De acordo com um porta-voz da inteligência militar ucraniana, os rebeldes tuaregues no Mali “receberam informações necessárias, e não apenas informações,” que foram cruciais para o sucesso de uma operação que resultou na morte de dezenas de mercenários russos.
Essa revelação surge em meio a um esforço mais amplo da Ucrânia para atingir os interesses russos fora da Europa, minando a presença e influência de Moscou em outras regiões estratégicas.
Desde meados de 2023, há indícios de que os ucranianos têm fornecido suporte a grupos que rivalizam com o Grupo Wagner em várias partes da África, incluindo o treinamento de rebeldes no uso de drones, uma tecnologia amplamente empregada no conflito ucraniano.
A estratégia, no entanto, não vem sem riscos. A recente ofensiva contra os mercenários russos no Mali gerou uma forte reação diplomática, com o governo malinês cortando relações com Kiev e acusando a Ucrânia de violar sua soberania.
Países vizinhos, como o Níger e o Senegal, seguiram o exemplo, intensificando o isolamento diplomático de Kiev na região.
O Grupo Wagner, conhecido por sua atuação em conflitos na África, foi criado por Yevgeny Prigojin, ex-aliado do Kremlin que morreu em um suspeito acidente aéreo em 2023.
A milícia tem desempenhado um papel crucial na política externa russa, oferecendo serviços de segurança para governos vulneráveis e minando a influência de outras potências, como a França, no continente africano.
Além de fornecer apoio armado, o Grupo Wagner também oferece pacotes de “sobrevivência para regimes”, que incluem mudanças legais para beneficiar empresas russas em detrimento de companhias ocidentais.
Atualmente, a milícia opera sob o nome de “Corpo Expedicionário”, liderado pelo general Andrey Averyanov, um dos principais responsáveis pela desestabilização de governos rivais da Rússia.
A presença do Grupo Wagner na África não é apenas militar; a milícia também tem conseguido conquistar corações e mentes, com bandeiras russas sendo exibidas em manifestações populares em vários países do continente.
Esse sucesso contrasta com os esforços diplomáticos da Ucrânia, que têm obtido poucos resultados em sua tentativa de romper os laços tradicionais entre os países africanos e Moscou.
Kiev tem limitado seu papel militar na África ao treinamento e à formulação de estratégias, alegando falta de recursos para expandir sua atuação direta no continente.
No entanto, a recente ofensiva ucraniana contra alvos russos na própria Rússia demonstra que Kiev continua a explorar novas frentes de combate para enfraquecer o poder de Moscou.