Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM, criticou o governo Lula em entrevista à CNN realizada nesta terça-feira, 20 de agosto.
Durante sua participação no programa WW, Rudzit afirmou que o Palácio do Planalto só trabalha com discurso, mas que há uma dissonância entre o discurso oficial feito em 9 de agosto, durante o lançamento da fragata Tamandaré, e a realidade.
“A dissonância entre a realidade e o discurso do presidente Lula lá em Santa Catarina, no lançamento da fragata, mostra bem isso. ‘Não vai faltar dinheiro pra construir tudo o que precisa’. E está faltando. Está sem dinheiro pra conseguir manter o que tem. Então vejo que o governo Lula, quando se trata de orçamento, está completamente perdido”.
O Sociedade Militar checou o discurso oficial do presidente feito no lançamento da fragata Tamandaré e, de fato, o presidente destacou que “a indústria de defesa é estratégica em qualquer país” e que “no Brasil assume importância ainda mais expressiva por gerar inovações e incentivar a pesquisa”.
Lula disse ainda que “é necessário ter soberania na área da defesa para garantir o domínio sobre nossas riquezas naturais, nosso mar e nosso pré sal”.
“Se um país quer ser competitivo e soberano, ele precisa ter o Estado presente (…) Vimos isso nesta fragata. Mas podemos ver o mesmo no projeto de nosso submarino de propulsão nuclear, que está sendo construído por outra estatal ligada à Marinha do Brasil, a Amazul. Ou no domínio de quase todas as etapas do ciclo de produção de combustível nuclear pelas Indústrias Nucleares do Brasil”.
De volta à realidade, a Força Naval deve demitir em breve 1.000 trabalhadores dos estaleiros de Itaguaí, no Rio, que cuidam do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha, o Prosub, justamente por falta de verba. A informação foi revelada nesta segunda-feira, 19 de agosto, pelo colunista de Política do Estadão, Marcelo Godoy.
Segundo Godoy, também deve haver atrasos no programa nuclear da Marinha, responsável pela construção do submarino à propulsão nuclear Álvaro Alberto, e no desenvolvimento do míssil antinavio Mansup.
Militares afirmam que, diante da tendência de piora nos próximos anos, a Marinha estaria próxima de uma incapacidade de cumprir sua própria missão constitucional de defender a Pátria.
No último dia 15 de agosto, o general Tales Villela também alfinetou o governo federal.
Ao avaliar especificamente os últimos passos do Brasil no que diz respeito a investimentos na área da Defesa e inovação tecnológica, Villela afirmou à CNN que poderia passar mais de 1 dia falando com a entrevistadora sobre o tema e aproveitou para alfinetar o Estado.
“Se a gente tivesse mais previsibilidade orçamentária certamente as respostas seriam mais positivas”.
O tom ficou mais brando posteriormente.
“E isso tem acontecido. O Estado Brasileiro tem se preocupado com orçamento de Defesa. É um sonho a gente chegar a 2% do PIB [Produto Interno Produto] naturalmente pra chegar a padrões de Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e padrões internacionais, mas eu tenho certeza que a gente vai chegar lá um dia”.