O ministro da Defesa José Múcio Monteiro busca ajuda do governo pra sensibilizar a equipe econômica a liberar ao menos R$ 1,4 bilhão e conseguir fechas as contas das Forças Armadas até dezembro.
De acordo com O Globo, em reportagem publicada nesta quinta-feira, 22 de agosto, o recurso é necessário pra manter despesas como água, luz, combustível e refeitório das Forças Armadas.
Paralelamente, nesta sexta-feira, 23 de agosto, o governo divulgou que teve a maior arrecadação federal em julho dos últimos 29 anos. Foram R$ 231 bilhões, já descontada a inflação, o que representa um crescimento de 14,48% em relação ao mesmo período de 2023.
No acumulado dos 7 primeiros meses de 2024 também houve recorde. A arrecadação federal somou R$ 1,53 trilhão, um acumulado 13,73% superior ao mesmo período do ano passado. Também foi o melhor desempenho arrecadatório desde 1995.
A Defesa foi a 7ª área mais afetada pela tesourada do governo anunciada em 30 de julho. São R$ 675,7 milhões a menos. Saúde (R$ 4,4 bilhões), Cidades (R$ 2,1 bilhões), Transportes (R$ 1,5 bilhão), Educação (R$ 1,3 bilhão) foram as mais afetadas, mas as pastas são destinos mais comuns de emendas parlamentares do que a Defesa.
Segundo O Globo, a palavra de ordem nas Forças Armadas é cortar despesas com cursos, treinamentos e viagens.
Na FAB (Força Aérea Brasileira) o expediente da semana foi encurtado em 1 dia pra evitar gastos com refeitórios. Na Marinha há a previsão de demissão de 1.000 trabalhadores do Programa de Desenvolvimento de Submarinos. No Exército a prioridade máxima é pelo menos manter as atividades de vigilância nas fronteiras.
Como se não bastasse, recentemente a cúpula do Exército teria sido avisada de que o governo Lula vai precisar cortar as despesas discricionárias da Força Terrestre em 10% no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2025 que será entregue ao Congresso até 31 de agosto.
Despesas discricionárias são todas aquelas consideradas não obrigatórias, como, por exemplo, investimentos e custeio.
Segundo o Estadão, os militares estão tentando manter pelo menos o mesmo nível de recursos de 2024.
É fato que o governo Lula tem buscado se aproximar dos militares. O presidente esteve presente em todas as cerimônias importantes das Forças Armadas, como Dia do Exército, Dia do Soldado e lançamento da fragata Tamandaré e submarino Tonelero.
Entretanto, segundo integrantes do governo ouvidos por O Globo, o clima amistoso ainda não teria se convertido em mais recursos.
No Congresso também não está havendo muito espaço para sensibilizar os parlamentares da situação de penumbra da Defesa, que já sofre com cortes há pelo menos 10 anos. O orçamento livre da pasta caiu quase pela metade. Saiu de R$ 20,6 bilhões em 2014 para R$ 10,9 bilhões agora em 2024.
Diante da dificuldade, Múcio tem procurado ajuda pessoal do presidente Lula e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.