O poder militar da SWAT nos Estados Unidos, uma unidade de elite que inspira respeito e admiração ao redor do mundo. Mas o que poucos sabem é que um coronel brasileiro não só enfrentou esse desafio, como também se destacou em primeiro lugar em um treinamento que testa os limites da habilidade e da coragem. Descubra como essa história impressionante revela o potencial do Brasil no cenário global de Operações Especiais e o impacto transformador desse intercâmbio de conhecimento.
“Quando fui ao Departamento de Polícia de Orlando, uma coisa ficou clara: a SWAT nos Estados Unidos opera com uma precisão e um preparo impressionantes”, disse o Coronel Wendel em entrevista ao Fala Glauber Podcast. A sigla SWAT, que inicialmente foi entendida como uma unidade de Operações Especiais, na verdade representa uma unidade de recursos especiais, projetada para dar uma resposta rápida e eficiente em situações extremas.
A famosa SWAT nos EUA: poder e respeito que moldam unidades de elite como o BOPE no Brasil
O poder militar da SWAT nos Estados Unidos: uma unidade de elite que inspira respeito e admiração ao redor do mundo, influenciando forças como o BOPE no Brasil. Tudo começou em 1960, no Texas, quando um atirador descontrolado começou a matar pessoas em uma universidade. Esse incidente mostrou a necessidade de uma força especializada, levando à criação da SWAT.
Os departamentos de polícia nos Estados Unidos variam em tamanho e estrutura, mas todos têm algo em comum: a busca constante pela excelência. Nas cidades menores, existe uma única SWAT, enquanto nas maiores, como Nova York, há unidades Full Time, que operam em tempo integral. Essa militarização das polícias norte-americanas gerou debates acalorados, mas é inegável que as técnicas e táticas militares adotadas pela SWAT trouxeram resultados significativos, tanto em operações urbanas quanto em conflitos internacionais. Técnicas de combate em ambientes confinados, como o CQB, foram aperfeiçoadas dentro dessas unidades, tornando-as referências globais.
Os eventos de 1973, conhecidos como Outubro Negro durante as Olimpíadas de Munique, marcaram a história das operações especiais. Naquela ocasião, reféns foram sequestrados e mortos, o que levou as forças especiais dos Estados Unidos a buscarem treinamento com o SAS britânico e com unidades SWAT. Desde então, a militarização das polícias americanas tornou-se evidente, principalmente no que diz respeito às táticas de emprego e ao uso de equipamentos militares.
Arsenal militar da SWAT é algo impressionante
O incidente em North Hollywood, em 1999, marcou uma mudança crucial na forma como a polícia americana se armava e se preparava. Dois criminosos, armados com AK-47 e vestindo coletes à prova de balas improvisados, enfrentaram a polícia com uma brutalidade nunca antes vista. O confronto, que durou 44 minutos, expôs a vulnerabilidade das forças policiais, que precisaram recorrer a uma loja de armas para se equiparem adequadamente. A partir desse episódio, a militarização das polícias americanas se intensificou, e o uso de fuzis se tornou padrão.
“Ver o arsenal militar de uma unidade SWAT em ação é algo realmente impressionante,” relata o Coronel Wendel. “Nos veículos policiais, é possível encontrar fuzis, coletes e capacetes de alta qualidade, todos prontos para qualquer situação. Esses equipamentos são essenciais para enfrentar criminosos fortemente armados, como aqueles do incidente em North Hollywood. Quando tive a oportunidade de ver essa estrutura de perto, fiquei profundamente impressionado com o nível de preparação e a eficiência com que esses oficiais operam.”
“Lembro-me de um treinamento que participei em 2001, em Orlando,” continua o Coronel Wendel. “Na época, a cidade tinha pouco mais de 800 mil habitantes, mas esse número saltava para quase 3,5 milhões durante a alta temporada turística. A SWAT operava em um regime part-time, com patrulheiros que eram acionados quando necessário. Cada viatura estava equipada com o melhor armamento disponível. Os oficiais se preparavam para qualquer eventualidade, vestindo macacões azuis sobre seus uniformes, prontos para a guerra a qualquer momento.”
Militar brasileiro se destacou durante um treinamento na SWAT, ficando em primeiro lugar entre 12 participantes.
No Brasil, o BOPE tem se inspirado na SWAT americana, especialmente após intercâmbios de treinamento com forças estrangeiras. Em Orlando, por exemplo, as unidades SWAT não operam em tempo integral, mas são acionadas conforme a necessidade. Mesmo assim, de acordo com o Wendel, os recursos disponíveis são impressionantes: fuzis de alta precisão, coletes balísticos e capacetes de última geração fazem parte do arsenal dessas equipes.
A evolução do BOPE foi marcada por diversos desafios. No início dos anos 2000, o arsenal militar disponível era limitado, o que frustrava os oficiais que buscavam melhorar sua capacidade de resposta. No entanto, com o tempo, o BOPE começou a receber equipamentos de ponta, alinhando-se às melhores práticas internacionais.
“Ao retornar ao Brasil, a diferença na nossa estrutura ficou evidente,” reflete o militar Wendel. “Foi desanimador perceber o quanto estávamos atrasados em termos de equipamentos e infraestrutura. Nossa polícia simplesmente não tinha os recursos adequados para enfrentar as ameaças crescentes. Apenas em 2004 começamos a receber equipamentos que realmente fizeram a diferença. No entanto, sem uma estrutura adequada para aplicar o que aprendemos lá fora, o conhecimento adquirido corre o risco de se perder.”
Em um momento histórico para o Brasil, o Coronel brasileiro se destacou durante um treinamento na SWAT, ficando em primeiro lugar entre 12 participantes. Essa conquista foi um marco importante e mostrou que, mesmo com recursos limitados, a força e a determinação dos nossos oficiais podem se equiparar às melhores unidades do mundo.
“Durante um curso intensivo de Operações Especiais, tive a honra de ficar em primeiro lugar,” relembra o Coronel Wendel. “Essa experiência transformou minha perspectiva sobre o potencial de evolução das nossas forças policiais. O curso foi extremamente rigoroso, exigindo técnica e precisão no manejo de armamentos avançados. O padrão era metódico, com tempo e planejamento rigorosos para cada operação. Realizar um assalto e cumprir um mandado em uma casa em apenas 15 segundos foi uma demonstração clara de como a resposta rápida é absolutamente crucial.”
A evolução das Operações Especiais no Brasil: O impacto do intercâmbio internacional e o protagonismo do Rio de Janeiro no aperfeiçoamento tático do BOPE.
O Brasil aprendeu muito com essas experiências internacionais, e hoje nossas unidades de Operações Especiais, como o BOPE, são reconhecidas por sua eficiência e preparo. A interação com outras forças, como o SAS britânico e a SWAT americana, foi fundamental para essa evolução. O intercâmbio de técnicas e táticas militares entre nossas unidades e as internacionais permitiu um avanço significativo, elevando o nível de preparo e a capacidade de resposta das nossas forças.
O Rio de Janeiro, em particular, se destacou como um grande expoente nessa evolução. O envio de tropas militares para a França e Alemanha para aperfeiçoamento trouxe novas técnicas e estratégias que foram implementadas em nossas operações. Essa troca de conhecimento foi essencial para melhorar o ambiente operacional no Brasil.
Hoje, as unidades de Operações Especiais do Brasil, como o BOPE, seguem um modelo de treinamento modular, com fases específicas realizadas em locais especializados. Por exemplo, o treinamento em táticas urbanas é realizado no Rio de Janeiro, enquanto as operações em áreas rurais são aperfeiçoadas no Mato Grosso. Esse ciclo de treinamento militar permite que nossas unidades operem de forma autônoma e eficiente, sem a necessidade de recorrer constantemente a outras unidades.
Sobre o militar Wendel: Coronel Wendel é uma grande referência da PMGO e comandou o batalhão de operações especiais (BOPE) e o batalhão de choque. Além de caveira, possui cursos no COT da Polícia Federal, SWAT e até na polícia da Itália.