Em meio à guerra entre Ucrânia e Rússia, os antigos veículos de combate de infantaria Bradley, fornecidos pelos Estados Unidos, têm se destacado como uma ferramenta essencial para as forças ucranianas. Apesar de serem considerados obsoletos por muitos, esses veículos provaram sua eficácia em combate, surpreendendo até os especialistas militares mais céticos.
De acordo com o coronel Hamish de Bretton-Gordon, ex-comandante do Regimento Conjunto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Reino Unido, a disponibilidade em grande número dos Bradleys permitiu que a Ucrânia os utilizasse de maneira mais eficaz do que os tanques modernos, como os Abrams e Challenger 2, que foram enviados em quantidades limitadas. O coronel enfatiza que, ao ter uma grande quantidade desses veículos, a Ucrânia pode se permitir correr riscos em situações onde um número menor de veículos mais sofisticados não seria viável.
Os tanques Abrams e Challenger 2, embora tecnologicamente avançados, foram fornecidos em números muito pequenos, o que limita sua utilidade em campo. A escassez de unidades faz com que as forças ucranianas sejam mais cautelosas em seu uso, evitando situações de risco onde poderiam sofrer perdas significativas. Em contraste, os Bradleys, que são menos avançados, mas disponíveis em grande quantidade, permitem que os militares ucranianos adotem uma abordagem mais agressiva, mesmo que alguns veículos sejam perdidos.
Os Bradleys, que entraram em serviço na década de 1980 como uma resposta aos veículos de combate de infantaria soviéticos, demonstraram ser versáteis e altamente capazes no campo de batalha. Na Ucrânia, eles têm sido usados em diversas operações, incluindo combate contra tropas inimigas, bunkers, drones e até mesmo tanques russos de última geração. Esse sucesso tem contribuído para a criação de uma “lenda” em torno desses veículos, que agora são vistos com admiração pelas forças ucranianas e temor pelas forças russas.
A crítica ao modo como o Ocidente tem fornecido armas à Ucrânia é um ponto central na análise do coronel de Bretton-Gordon. Ele destaca que a prática de enviar armamentos em pequenas quantidades e após longos períodos de debate tem prejudicado a capacidade da Ucrânia de desenvolver estratégias de longo prazo. Segundo ele, se o Ocidente tivesse enviado tanques modernos em maior número e com mais rapidez, a situação no campo de batalha poderia ser significativamente diferente.
Mesmo com todas as limitações, a Ucrânia conseguiu adaptar os Bradleys às necessidades específicas da guerra contra a Rússia, utilizando-os de maneira que supera as expectativas iniciais. A capacidade de mobilidade rápida e a flexibilidade de uso dos Bradleys têm sido fatores decisivos para o sucesso ucraniano em várias frentes de combate.
O coronel de Bretton-Gordon também observa que, ao explorar as vulnerabilidades dos tanques russos, os Bradleys foram utilizados de forma inovadora para caçar e destruir essas máquinas de guerra. Casos de dois ou três Bradleys atacando um único tanque T-90 russo, considerado um dos mais avançados, têm se tornado comuns, reforçando a eficácia dessa estratégia.
Os resultados alcançados pelos Bradleys no campo de batalha ucraniano levaram a uma reavaliação de seu valor militar. Enquanto no passado esses veículos eram subestimados, hoje são considerados peças-chave na resistência ucraniana contra a invasão russa. A capacidade de neutralizar tanques russos sofisticados com veículos considerados obsoletos é uma prova da eficácia da estratégia ucraniana.
O surgimento do “mito” do Bradley no campo de batalha destaca a importância de uma estratégia que valorize não apenas a tecnologia avançada, mas também a quantidade e a capacidade de adaptação das forças em combate.
Com informações de: Business Insider