No dia 24 de agosto de 2024, durante um comício, o candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Psol, Guilherme Boulos, virou centro de uma nova polêmica. A controvérsia surgiu quando uma intérprete, presente no evento, cantou o Hino Nacional em “linguagem neutra”.
Ao lado de Boulos estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que amplificou ainda mais a repercussão do episódio. O trecho tradicional “dos filhos deste solo” foi alterado para “des filhes deste solo”, levando a uma série de reações acaloradas, sobretudo no X, antigo Twitter.
Reações nas redes sociais e a legalidade da adaptação do Hino
A alteração do Hino Nacional repercutiu rapidamente nas redes sociais, com muitos usuários expressando indignação. Além disso, os internautas questionaram a legalidade da modificação. Comentários como “Hino nacional em linguagem neutra não é crime?” e “O que esse país está se tornando?” ecoaram por toda internet.
A questão central girou em torno da interpretação da Lei nº 5.700, que regulamenta o uso dos símbolos nacionais. De acordo com essa lei, “em qualquer hipótese, o Hino Nacional deverá ser executado integralmente e todos os presentes devem tomar atitude de respeito”. O descumprimento desta norma é uma contravenção que pode resultar em multas.
O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) utilizou essa base legal para protocolar uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República, visando investigar a conduta de Boulos e de sua campanha. Bilynskyj classificou a atitude como “lamentável” e argumentou que “é importante destacar que a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional são símbolos da República Federativa do Brasil e, portanto, devem ser resguardados e respeitados”. A presença de Lula ao lado de Boulos durante a execução do hino em linguagem neutra adicionou uma camada extra de complexidade ao debate, uma vez que reflete a aliança política entre o PT e o Psol.
Controvérsias anteriores envolvendo a linguagem neutra
O uso da linguagem neutra não é uma novidade na esfera política brasileira e já foi motivo de outras controvérsias. Em janeiro deste ano, por exemplo, o Ministério da Saúde lançou uma campanha que evitou o uso das palavras “mulher” e “mãe”, optando por termos como “o corpo de quem pariu” ou “pessoa que pariu”. Essa abordagem gerou críticas sobre o alinhamento do governo sobretudo com ideologias progressistas. Além disso, levantou questões sobre a impessoalidade e neutralidade da administração pública.
Essas decisões têm gerado debates acalorados sobre o princípio da impessoalidade na administração pública, previsto no Artigo 37 da Constituição Federal. Críticos argumentam que o uso da linguagem neutra em documentos e campanhas governamentais pode comprometer princípios como a legalidade e a moralidade.
A controvérsia em torno do Hino Nacional, portanto, não é um caso isolado, mas parte de um debate mais amplo sobre identidade e inclusão na sociedade brasileira.
A resposta dos adversários políticos
As críticas ao uso da linguagem neutra no comício de Boulos não vieram apenas do público, mas também de seus adversários políticos. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também expressou sua indignação. De acordo com Nikolas, “essa modificação não é apenas uma mudança de palavras – trata-se de um desrespeito aos símbolos nacionais, à nossa cultura e à nossa língua”. Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, também reagiu nas redes sociais, classificando a situação como “insanidade mental”.
Durante o comício, Boulos também fez questão de criticar diretamente seus adversários políticos, como o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Além disso, Boulos também teceu críticas ao candidato Pablo Marçal (PRTB). Boulos classificou Nunes como “incompetente” e chamou Marçal de “bandido”. Além disso, Boulos associou ambos os oponentes ao “bolsonarismo”, que descreveu como o “pior da política brasileira”.