A Gazprom, conhecida por ser a maior produtora de gás natural do mundo e uma das peças-chave da economia russa, enfrenta uma crise sem precedentes. A empresa, que já foi considerada o “coração” da Rússia sob o comando de Vladimir Putin, anunciou que está vendendo várias de suas propriedades na capital, após um ano de perdas financeiras históricas causadas pela queda nas exportações para a Europa.
Propriedades à venda pelo Telegram. Em uma publicação no Telegram, a Gazprom informou que está colocando à venda escritórios, imóveis comerciais, um estacionamento e até um hotel com spa localizado na vila de Rogozinino, nos arredores de Moscou. O anúncio incluiu detalhes de contato para os interessados: “Para mais informações, ligue para os números fornecidos”, dizia a mensagem. A venda dessas propriedades marca um momento crítico para a empresa.
Uma decisão de Putin que saiu pela culatra
A Gazprom, de maioria estatal, transferiu recentemente sua sede para São Petersburgo, ocupando um imponente arranha-céu. Entretanto, especialistas enxergam a venda dos imóveis em Moscou como parte de um processo de liquidação de ativos. “O ano de 2023 foi o pior em décadas para a Gazprom, e sua produção atingiu níveis semelhantes aos de 1970”, afirmou o analista geopolítico Tom O’Donnell em entrevista à Newsweek. Ele atribui grande parte dessa crise a um erro estratégico de Vladimir Putin, que decidiu cortar o fornecimento do gasoduto Nord Stream na esperança de criar uma crise energética na Europa, forçando os países a recuarem no apoio à Ucrânia.
O declínio da gigante russa
As sanções ocidentais impostas após a invasão da Ucrânia, o declínio da demanda de gás devido a invernos mais amenos, e o excesso de oferta na Europa resultaram em perdas significativas para a Gazprom. No ano passado, a empresa registrou um prejuízo de 6,9 bilhões de dólares, a primeira vez que isso ocorre desde 1999. O EBITDA, indicador financeiro que mede o desempenho operacional, também despencou de 25,1 bilhões de dólares em 2022 para apenas 7,2 bilhões em 2023.
Exportações em queda drástica
De acordo com dados da Reuters, as exportações de gás natural da Gazprom para a Europa despencaram 56% no último ano, atingindo 28,3 bilhões de metros cúbicos — o menor nível desde os tempos da União Soviética. A queda acentuada nas exportações e os efeitos das sanções colocam em xeque o futuro da maior empresa de gás do mundo.