A cooperação militar entre Brasil e Índia ganhou novo impulso com a visita do Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, à Índia. Durante a visita, Damasceno se reuniu com o chefe do Estado-Maior do Exército indiano, General Upendra Dwivedi, e com o Comandante da Força Aérea Indiana, Marechal do Ar V.R. Chaudhari. A informação é do site indiano Times Now.
Os dois países continuarão enviando oficiais para centros de treinamento de suas Forças Armadas. Atualmente, há um capitão da Força Aérea Indiana (IAF) no Rio de Janeiro e um coronel do Exército indiano em Brasília. Por outro lado, dois oficiais brasileiros, um da Marinha e outro da Força Aérea Brasileira, estão no National Defense College, em Nova Délhi.
Interesses tecnológicos
Um dos principais destaques das negociações foi a possibilidade da FAB adquirir caças Tejas, desenvolvidos pela Índia. O Brasil está considerando a aquisição do caça indiano Tejas Light Combat Aircraft, uma aeronave multi-função que já teve mais de 200 unidades encomendadas pela Índia. Damasceno afirmou o seguinte:
“De acordo com nossas regras, deveríamos ter não menos de dois e não mais de três tipos de aeronaves de combate. Atualmente temos o F-5 e o Gripen, mas depois de 2030, precisaremos de mais dois tipos com a baixa dos F-5. Ele estará em Bangalore, disse ele, olhando para o Tejas pela primeira vez e estará sentado na aeronave”, afirmou Damasceno ao jornal Times of India.
Helicópteros Dhruv e Prachand
Além dos caças, a FAB também manifestou interesse em adquirir helicópteros indianos, como o Dhruv e o Prachand, fabricados pela Hindustan Aeronautics.
“Temos sete esquadrões de 12 helicópteros cada um e estamos procurando mais, talvez 24 novos helicópteros”, disse o comandante da FAB.
Embraer e C-390
A Índia, por sua vez, demonstrou interesse no avião de transporte militar C-390 Millennium. E assim a Embraer também esteve no centro das discussões, com os indianos mostrando interesse no C-390 Millennium, aeronave de transporte desenvolvida pela empresa brasileira.
“Comparado com o C-130 (um avião americano observado por sua robustez), o C-390 é mais rápido e carrega mais carga. Estamos oferecendo isso à Índia e o MoU com Mahindra já está feito”, revelou Damasceno. “Até agora, seu nível de manutenção é superior a 97%”, concluiu o comandante.
Damasceno ainda fez questão de mencionar que o C-390 tem desempenho superior ao C-130 americano em termos de velocidade e capacidade de carga.
Outras áreas de cooperação:
- Drones e satélites: Ambos os países exploram a possibilidade de cooperar no desenvolvimento e produção de drones e satélites para fins militares e civis.
- Transferência de tecnologia: A Índia e o Brasil discutem a transferência de tecnologia em diversas áreas, como a fabricação de aeronaves e a produção de drones.
- Treinamento militar: Oficiais de ambos os países continuarão a participar de programas de treinamento militar em seus respectivos países.
Cooperação espacial e drones
Outro ponto de destaque da reunião foi a cooperação em drones e tecnologias espaciais. Damasceno destacou que a guerra na Ucrânia e Rússia trouxe uma “nova ordem mundial da guerra”, com drones desempenhando um papel crucial. Ele mencionou a possibilidade de uma transferência de tecnologia de drones da Índia para o Brasil.
A colaboração espacial também foi discutida, com Damasceno afirmando que o Brasil possui dois centros de lançamento e está aberto a trabalhar com a Índia nesse campo. “Temos dois centros de lançamento e ficaremos felizes em trabalhar juntos”, completou.
Contexto geopolítico
O Comandante da FAB, Tenente-Brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, destacou a importância da parceria entre Brasil e Índia em um cenário geopolítico marcado pela guerra na Ucrânia. “Chamando-a de ‘a nova ordem mundial da guerra’, ele disse que os drones eram ‘gamechangers’. Eles são excepcionalmente capazes quando se trata de vigilância e são muito mais baratos”, afirmou Damasceno.