A China tem ambições claras de se colocar como a principal potência militar do mundo até 2049. Essa meta foi reforçada em diversas ocasiões, como em março deste ano, quando o almirante da Marinha dos Estados Unidos, John C. Aquilino, afirmou em depoimento no Capitólio que a China “em breve terá a maior força aérea do mundo”. Esse crescimento militar não é novidade; a Marinha do Exército de Libertação Popular (ELP) já supera os Estados Unidos em número de navios de guerra, embora ainda esteja atrás em termos de tonelagem.
No relatório de 2023 sobre o poder militar chinês, o Pentágono destacou que a Força Aérea (PLAAF) e a Marinha (APL) da China juntas possuem mais de 3.150 aeronaves operacionais. Para efeito de comparação, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) tem aproximadamente 4.000 aeronaves, com as forças militares americanas contando ainda com vários milhares de aeronaves distribuídas entre a Marinha, o Corpo de Fuzileiros Navais e o Exército.
China amplia capacidade militar aérea aumentando fabricação de caças J-20 de quinta geração
A China está ampliando suas capacidades militares de forma acelerada. Atualmente, o país fabrica cerca de 60 caças J-20 de quinta geração por ano, e esse número deve aumentar para 100 em breve. Em contrapartida, os Estados Unidos produzem cerca de 135 caças F-35 por ano, mas quase metade dessa produção é destinada a parceiros estrangeiros.
Apesar das divergências quanto à classificação técnica entre os analistas ocidentais e chineses, o J-20 é frequentemente visto como uma aeronave de quarta geração e meia. No entanto, ao ritmo atual de produção, o poder aéreo chinês pode superar o dos Estados Unidos em um futuro próximo.
A transformação da Força Aérea do ELP (PLAAF) começou há décadas. Atualmente, a PLAAF conta com 400.000 efetivos e quase 2.700 aeronaves. Desde a sua criação, a força passou de uma dependência inicial dos MiG-15 soviéticos para o desenvolvimento de aeronaves avançadas por meio da engenharia reversa de tecnologias soviéticas e russas. A evolução estratégica foi ainda mais acelerada nas últimas décadas com a introdução de caças como o Su-27, Su-30 MKK, Su-35 e seus equivalentes de engenharia reversa, como o J-11, J-15 e J-16.
Projeto recente da PLAAF denominada força aérea estratégica
A partir de 2004, a PLAAF passou a adotar uma estratégia de reforma denominada Força Aérea Estratégica, visando a criação de uma força capaz de realizar operações ofensivas e defensivas no espaço aéreo e além, introduziu mísseis de curto e longo alcance para suas aeronaves, como o PL-10, com alcance de 20 km, e o PL-15, que pode atingir alvos a até 300 km de distância. Esses mísseis foram desenvolvidos para rivalizar com as capacidades ocidentais, como o AIM-120 AMRAAM dos EUA.
A evolução da indústria de aviação militar da China reflete seu compromisso em se tornar uma potência global. A AVIC conta com 420 mil funcionários, esse crescimento e centralização permitem à China coordenar sua indústria militar de forma estratégica, integrando academia, pesquisa e finanças para fortalecer seu poderio militar.
China o país com a segunda maior frota ativa de aeronaves de combate, os EUA fica com a primeira posição
A Força Aérea do Exército de Libertação Popular (PLAAF) opera atualmente uma das maiores frotas aéreas do mundo, com cerca de 2.700 aeronaves, sendo 1.800 delas de combate, como caças, aeronaves de ataque e bombardeiros. Isso faz da China o país com a segunda maior frota ativa de aeronaves de combate, atrás apenas dos Estados Unidos.
Entre as aeronaves mais notáveis da PLAAF estão os caças multifuncionais J-10C, J-16, e o caça de quinta geração J-20, todos equipados com radares de varredura eletrônica ativa (AESA), motores domésticos WS-10 e mísseis ar-ar de longo alcance. O J-20, em particular, é uma aeronave furtiva que simboliza o salto tecnológico da China, posicionando-a como a primeira nação da Ásia a implantar um caça furtivo operacional.
Força Aérea turbinada incluindo bombardeiros H-6, versão soviético do Tupolev Tu-16 e um arsenal generoso
Além dos caças, a China possui aproximadamente 180 bombardeiros H-6, que são versões modernizadas do soviético Tupolev Tu-16. Cerca de 60 desses bombardeios são configurados para portar mísseis de cruzeiro, o que os torna uma ameaça considerável no arsenal chinês.
A força de transporte da PLAAF também merece destaque, com cerca de 320 aeronaves, incluindo 50 Xian Y-20, que são capazes de transportar até 66 toneladas. Em termos de defesa aérea, a China desenvolveu localmente sistemas de mísseis como o HQ-9 e o HQ-22, além de ter adquirido o sofisticado sistema russo S-400.
Mísseis aéreos de infinita capacidade: aposta na superioridade tecnológica incluindo o PL-15 que supera o AIM-120
A capacidade chinesa de desenvolver mísseis ar-ar avançados é outro componente crucial do poder aéreo da PLAAF. O míssil de curto alcance PL-10, por exemplo, é comparável a alguns dos melhores mísseis ocidentais, como o AIM-9X dos EUA. Já o míssil PL-15, com um alcance de até 300 km, supera até mesmo o AIM-120 AMRAAM, um dos mísseis mais respeitados da Força Aérea dos Estados Unidos.
Além desses, a China está desenvolvendo mísseis de alcance ultra-longo (VLRAAM) capazes de atingir alvos a distâncias superiores a 400 km, como o PL-17. Tais capacidades permitem à PLAAF manter os aviões adversários a uma distância segura, aumentando a eficácia de suas operações militares e reforçando sua defesa.
Futuro da China: crescimento da força aérea e a busca pela supremacia global
A crescente sofisticação da PLAAF está alinhada com o desejo da China de ampliar sua influência militar, particularmente no Pacífico. O desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados (UAVs) de combate, como o GJ-11, além da introdução do jato supersônico WZ-8, sinaliza a intenção do país de liderar a guerra tecnológica nos céus.
A China também investiu em tecnologias emergentes como drones em enxame e sistemas de guerra eletrônica, reforçando sua capacidade de neutralizar ameaças de forma rápida e eficaz. No longo prazo, o objetivo estratégico é consolidar sua presença militar global, com especial atenção para a região do Indo-Pacífico. A China está cada vez mais próxima de alcançar seu objetivo de se tornar a maior potência militar do mundo até 2049.