Após o incidente com Donald Trump no mês de julho deste ano, muito se especula sobre como o incidente afetou o crescimento da direita partidária em nosso país. O assunto voltou à tona após o ex-presidente dos Estados Unidos, durante debate na rede ABC News, na Filadélfia, Pensilvânia, destacar que os democratas foram culpados pelo ataque sofrido e pelo tiro de raspão na orelha, durante um evento público em Davenport, Iowa. Na fala, apesar de ter sido reportado pelo apresentador da ABC News, Trump frisou que a onda de violência no país aumentou graças aos opositores do partido Republicano, do qual faz parte.
O debate aconteceu na última quarta-feira, 11 de setembro, e após a fala polêmica de Trump, a resposta foi dada por Kamala Harris, candidata democrata. Na ocasião, Harris pontuou o ataque ao Capitólio em 2021, em que o ex-presidente dos Estados Unidos declarou que haveria um banho de sangue caso não conseguisse a vitória. Durante o ataque, cinco pessoas vieram a óbito. No incidente com Trump, o atirador foi identificado e baleado por agentes do Serviço Secreto, que conseguiu identificar o autor do tiro em menos de 30 minutos.
Trump e avanço do bolsonarismo
Com a situação de Trump, aliados de Bolsonaro viram uma oportunidade para contestar a inelegibilidade e destacar de forma clara a perseguição política. Além disso, um fator importante tem sido levantado até então: o aumento do protagonismo de Bolsonaro e a diminuição da necessidade de apresentação de um sucessor para 2026, com a possibilidade de ele mesmo assumir o embate nos próximos dois anos. Segundo a CNN, Bolsonaro e família expressaram solidariedade ao ocorrido, e Eduardo Bolsonaro destacou a similaridade com a facada sofrida pelo pai em 2018.
Outros pontos podem ser citados como influências para o crescimento do bolsonarismo no país, como, por exemplo, se o ataque a Trump for percebido como uma ação contra o anti-establishment, termo que se refere ao grupo que se opõe ao sistema tradicional. Além disso, pode crescer até 2026 a narrativa de resistência, especialmente um discurso em que há uma luta travada entre o establishment corrupto e o poder conservador. Vale lembrar que outras ações têm sido pensadas contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Entre as principais estratégias discutidas estão ações como rejeitar o visto americano do ministro e encontros para realizar denúncias contra o judiciário brasileiro, fato que aconteceu no mês de março deste ano. Em abril, a resposta veio e o comitê americano apresentou um relatório com as críticas direcionadas ao judiciário. Outras ações estão sendo trabalhadas para o avanço da direita, com apoio de Trump a Bolsonaro e repúdio à prisão de Filipe Martins, assessor do ex-presidente. Filipe foi solto após seis meses de prisão depois de uma operação da Polícia Federal para apurar suposto golpe de estado e organização criminosa.
O assessor foi apontado como responsável por criar um documento não oficial em que solicitava intervenção do TSE e anulação das eleições de 2022. Atualmente, deixou o Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná, e está proibido de deixar o país, ter contato com Bolsonaro, usar redes sociais e faz uso de tornozeleira eletrônica.