No contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia, uma questão fundamental é a capacidade dos dois países de repor suas baixas no campo de batalha. Atualmente, estima-se que cerca de 1 milhão de soldados estejam em combate, com centenas de baixas diárias entre mortos e feridos. A logística envolvida para manter o fluxo constante de combatentes é um desafio que pode ser decisivo para a vitória ou derrota.
Para a Ucrânia, o processo de reposição é relativamente simples. Após a invasão russa em fevereiro de 2022, o país entrou em estado de sítio, o que permite ao governo convocar compulsoriamente homens entre 25 e 55 anos para defender o território. Com isso, o governo ucraniano tem acesso a um grande número de soldados, estimado em cerca de 10 milhões de homens aptos para o combate.
A situação na Rússia, porém, é bem diferente. Apesar de contar com uma população muito maior, o governo russo não reconhece oficialmente o conflito como uma guerra, chamando-o de “operação militar especial”. Isso impede o país de realizar uma mobilização total de suas forças, como faz a Ucrânia, tornando o processo de recrutamento mais complexo e caro.
Para conseguir novos soldados, o presidente russo Vladimir Putin tem adotado duas estratégias principais. A primeira, mais comum, é a contratação de reservistas voluntários. No entanto, para atrair combatentes, o governo precisa oferecer altos salários e benefícios, com valores que chegam a 50 mil dólares, uma quantia significativa para os padrões russos, onde o salário médio anual é de cerca de 14 mil dólares.
A segunda estratégia à disposição de Putin é a mobilização, algo que ele tem utilizado de forma limitada devido à resistência popular. Em setembro de 2022, por exemplo, mais de 300 mil russos fugiram do país para evitar o recrutamento, o que demonstra a dificuldade do governo em impor essa medida de maneira eficaz e sem repercussões internas negativas.
Com essa abordagem, a Rússia enfrenta um dilema. Embora possua uma quantidade muito maior de recursos humanos, não pode mobilizar suas forças de maneira rápida e eficiente como a Ucrânia. Além disso, o alto custo para manter essa operação compromete a sustentação da guerra a longo prazo, especialmente se o conflito se prolongar.
Portanto, enquanto a Ucrânia, como país invadido, consegue mobilizar rapidamente novos soldados, a Rússia enfrenta um processo de reposição de baixas muito mais lento, caro e politicamente delicado. O futuro do conflito, em grande parte, dependerá da capacidade de ambos os lados em manter seu efetivo nas linhas de frente.
A guerra entre Rússia e Ucrânia, o maior conflito em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, continua a desafiar as estratégias de ambos os países, enquanto suas populações pagam o preço elevado das batalhas.
Com informações de: Hoje no mundo militar