Você sabia que 80% da população dos Estados Unidos vive concentrada em apenas uma metade do país? Enquanto as luzes da costa leste brilham intensamente, vastas regiões do meio-oeste permanecem praticamente vazias, como se fossem terras esquecidas. O que muitos não sabem é que essas áreas abrigam paisagens de tirar o fôlego, história rica e um potencial inexplorado.
Mas por que milhões de americanos evitam essa região? Continue lendo para saber a resposta e prepare-se para descobrir os segredos escondidos no coração dos Estados Unidos!
Por que ninguém quer morar no centro dos EUA
De acordo com as Nações Unidas, em 2023, a Índia passou a ser o país mais populoso do mundo. Você saberia adivinhar qual é a posição dos Estados Unidos nesse ranking? Eles ocupam o terceiro lugar. Além disso, os Estados Unidos são o quarto maior país em extensão territorial, abrangendo cerca de 6% da massa terrestre do planeta. Com tanto espaço, os 335 milhões de habitantes têm bastante área para se espalhar, certo? Bem, não é exatamente assim. A população norte-americana é distribuída de maneira bastante desigual.
Vamos imaginar uma linha traçada do norte ao sul, começando em Dakota do Norte e indo até o Texas. Após analisar os dados do censo, os resultados são surpreendentes: 80% da população vive a leste dessa linha imaginária, enquanto apenas 20% reside a oeste. Isso significa que apenas um em cada cinco norte-americanos está a oeste, mesmo que lá estejam grandes cidades como Los Angeles, San Diego e São Francisco. Parece difícil de acreditar, não é? Mas basta olhar um mapa de satélite dos EUA à noite, e você verá que a costa leste brilha intensamente.
Por que há esse grande desequilíbrio populacional? A resposta envolve história e geografia. Foi na costa leste que os Estados Unidos conquistaram sua independência em 1776, e essas são as 13 colônias originais. À medida que os colonos se espalharam para o oeste, a compra da Louisiana, em 1803, foi um marco. Hoje, essa área é amplamente conhecida como o Meio-Oeste, uma região caracterizada pela fertilidade de seu solo, o que a torna ideal para a agricultura. Mas, isso não significa que a população automaticamente se expandiu para lá.
Curiosamente, a maior parte da população dos EUA vive ou na costa leste ou na costa oeste, deixando o centro do país com uma densidade populacional bem baixa. Esse “cinturão subpovoado” se estende desde a fronteira com o Canadá até o México, cobrindo uma área de 900 mil quilômetros quadrados — duas vezes o tamanho da Califórnia. Essa enorme faixa de terra representa 12% da área dos Estados Unidos continentais, mas abriga apenas 1% da população total, ou seja, cerca de 3 milhões de pessoas, semelhante à população da Jamaica.
Há muito espaço para mais gente nessa região. Um exemplo interessante é o da Nigéria, que tem uma área um pouco maior que o cinturão subpovoado, mas abriga 206 milhões de pessoas, sendo o sétimo país mais populoso do mundo. Diante disso, por que o centro dos Estados Unidos não está densamente habitado? É hora de mais uma aula de história. Já mencionamos que os Estados Unidos se expandiram da costa leste para a costa oeste, mas isso não significa que o oeste tenha ficado muito para trás.
Cidades como São Francisco e Los Angeles foram incorporadas em 1850, apenas 13 anos após Chicago. Portland, por exemplo, foi incorporada no ano seguinte. E, em 1869, a primeira ferrovia transcontinental dos EUA foi concluída, unindo o país em termos de transporte. Então, não há uma razão histórica convincente para explicar o porquê de tão poucas pessoas viverem no centro do país.
Agora, vamos falar sobre geografia. Se observarmos o mapa físico dos EUA, veremos que esse cinturão subpovoado está localizado nas Grandes Planícies. Apesar de parecer ideal para assentamentos, essa área tem um obstáculo significativo: as Montanhas Rochosas. Essa cordilheira, com picos que ultrapassam os 4.000 metros, influencia diretamente o clima da região.
O efeito de sombra de chuva é um fator determinante. Quando sistemas climáticos úmidos vindos do Pacífico chegam às Montanhas Rochosas, o ar se condensa ao subir as montanhas, resultando em muita chuva e neve na região oeste da cordilheira. No entanto, quando o ar atravessa as montanhas e chega às Grandes Planícies, ele está praticamente seco, tornando essa uma das áreas mais áridas dos Estados Unidos.
Isso explica por que, quando os colonos chegaram ao oeste, muitos decidiram continuar em direção à Califórnia, em busca do ouro. Além de o clima das Grandes Planícies ser desfavorável à agricultura, as mudanças bruscas de temperatura também são desafiadoras. Em um único dia, a temperatura pode cair de 20°C para -2°C, um ambiente difícil para morar e cultivar.
O sul da Califórnia também é uma região seca, mas, com sua vasta rede de canais de irrigação e o uso da água do rio Colorado, cerca de 40 milhões de pessoas vivem lá, fazendo da Califórnia o estado mais populoso dos EUA. Em contrapartida, os ventos polares que atravessam as Montanhas Rochosas tornam os invernos nas planícies extremamente frios, com quedas bruscas de temperatura ao longo do dia.
Os seres humanos preferem morar em lugares com climas mais temperados, o que explica por que áreas muito quentes ou muito frias têm populações reduzidas. Um exemplo é a Austrália, onde cerca de 70% do território é árido ou semiárido, e 90% da população vive em grandes cidades costeiras, como Sydney e Melbourne.
Na Europa, a situação é similar. Em países como a Alemanha, a maioria da população vive em áreas urbanas, com cidades grandes como Berlim e Hamburgo. Já na França, Paris é a única cidade com mais de 12 milhões de habitantes, enquanto outras grandes cidades, como Lyon e Marselha, têm populações bem menores.
Portanto, o cinturão subpovoado dos Estados Unidos não é um caso único. Mesmo sendo uma terra de oportunidades, a maior parte das chances de uma vida melhor está nas grandes cidades, principalmente nas costas leste e oeste. As 100 maiores áreas metropolitanas dos EUA são responsáveis por três quartos do PIB do país, e nenhuma delas está localizada no cinturão subpovoado.