O general do Exército americano Xavier Brunson, nomeado para comandar as forças dos EUA na Coreia do Sul, está preocupado com o que a Rússia pode estar fornecendo à Coreia do Norte em troca de munições. Segundo informações do site Stars and Stripes, a suspeita é que Moscou esteja compartilhando armas ou tecnologias avançadas com Pyongyang, o que pode fortalecer o programa nuclear norte-coreano. O acordo entre Coreia do Norte e Rússia é considerado por Vladimir Putin como “o mais forte de todos os tempos”.
Preocupações com a troca entre Rússia e Coreia do Norte
Durante sua audiência de confirmação no Senado americano, Brunson destacou que, embora a troca de munições entre os dois países já seja motivo de preocupação, o que a Coreia do Norte está recebendo em troca é ainda mais alarmante. “A troca de ajuda letal entre Coreia do Norte e Rússia é algo para se alarmar, mas o mais importante é que temos que ver o que está voltando”, afirmou o general. Ele alertou que uma das suas prioridades seria rastrear as informações sobre essa cooperação, caso seja confirmado no cargo.
Brunson destacou que, embora não se saiba exatamente o que a Rússia está fornecendo em troca dos mísseis e projéteis de artilharia, há receios de que a cooperação possa incluir o compartilhamento de tecnologias militares avançadas. A maior preocupação é que a Rússia esteja apoiando o desenvolvimento do programa nuclear da Coreia do Norte. “Se confirmado, meu trabalho seria mitigar isso, e isso faz parte dos nossos planos”, disse Brunson.
Munições para a guerra na Ucrânia
Nos últimos meses, a Coreia do Norte enviou à Rússia mais de 16 mil contêineres de munições para serem usados na guerra contra a Ucrânia, segundo o senador Mark Kelly, que participou da audiência de confirmação. Ele também ressaltou que as fábricas norte-coreanas estão operando a plena capacidade para manter esse fornecimento. “A Rússia já usou dezenas de mísseis norte-coreanos contra a Ucrânia”, disse Kelly, que expressou preocupação com o que Pyongyang estaria recebendo em troca dessa ajuda militar.
O pacto de cooperação entre Coreia do Norte e Rússia, assinado em junho deste ano, prevê assistência militar mútua e foi descrito pelo presidente russo, Vladimir Putin, como o “tratado mais forte de todos os tempos” entre os dois países. Além disso, a recente reunião entre Kim Jong Un, líder da Coreia do Norte, e o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, reforçou a promessa de uma cooperação ainda mais próxima.
Ameaça crescente
O senador Jack Reed, presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado, também manifestou preocupação com a crescente agressão da Coreia do Norte e sua relação cada vez mais próxima com a Rússia. Ele destacou que a ameaça representada pelo regime norte-coreano é “real e crescente”, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos.
“[O líder norte-coreano] Kim Jong Un provavelmente está recebendo assistência técnica e ‘lições aprendidas’ da invasão da Ucrânia por Putin — particularmente para as capacidades nucleares e de mísseis da Coreia do Norte”, afirmou Reed, sugerindo que o conflito na Ucrânia pode estar sendo usado como laboratório para avanços militares em Pyongyang.
Risco para os aliados
Brunson também destacou que o fortalecimento da aliança entre Rússia e Coreia do Norte pode afetar a segurança dos aliados americanos na região, como Coreia do Sul e Japão. Para ele, essa nova fase de cooperação entre os dois países autoritários representa um desafio, mas ele acredita que as parcerias de décadas dos EUA com seus aliados na região continuarão a ser um diferencial importante. “A península coreana é um grande exemplo disso — por 70 anos essa aliança se manteve, e é um exemplo para outras nações se espelharem”, afirmou o general.
O general Brunson está prestes a assumir o comando das forças dos EUA na Coreia do Sul, substituindo o atual comandante, Paul LaCamera. Caso seja confirmado no cargo, Brunson terá a responsabilidade de monitorar e tentar mitigar as consequências dessa perigosa parceria entre Rússia e Coreia do Norte, com foco na segurança regional e na defesa dos aliados americanos.