Um caso envolvendo a exportação ilegal de tecnologia sensível dos Estados Unidos para a Rússia ganhou os holofotes nesta semana. Denis Postovoy, um cidadão russo de 44 anos, foi preso em Sarasota, na Flórida, na segunda-feira (16), acusado de contrabando, lavagem de dinheiro e envio ilegal de microeletrônicos com potencial uso militar para a Rússia. O anúncio foi feito pelo Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) e noticiado pelo Al Arabiya.
O que chama a atenção no episódio é o timing. A prisão ocorre em meio ao aumento da pressão internacional sobre a Rússia, após a invasão da Ucrânia, e expõe mais um capítulo da complexa rede de abastecimento militar que continua a operar mesmo com sanções e bloqueios.
De acordo com a acusação, após a invasão em larga escala em 2022, Postovoy teria adquirido e enviado ilicitamente componentes que podem ser utilizados em drones. Esses microeletrônicos de “uso duplo” são produtos que, embora tenham aplicações civis, também podem ser empregados para fins militares.
A rede de operações de Postovoy não é nada simples. Segundo as investigações, ele utilizava uma teia de empresas na Rússia e em Hong Kong para realizar as aquisições. Comprava os componentes de distribuidores nos EUA e, para evitar ser pego, mandava as remessas para destinos intermediários, ocultando a Rússia como destino final.
O procurador dos EUA Matthew Graves não deixou dúvidas sobre a gravidade da situação: “Este réu exportou ilegalmente tecnologia que pode fortalecer a capacidade da Rússia em sua guerra não provocada contra a Ucrânia”, afirmou Graves, reforçando a importância do caso no contexto da atual guerra.
Por enquanto, a embaixada russa em Washington, D.C., disse apenas que está ciente da detenção, mas que não recebeu qualquer notificação oficial de agências policiais americanas sobre o incidente.