Uma nova pandemia pode estar surgindo em todo o planeta, mas pouco se fala a respeito. De acordo com um artigo publicado na revista The Lancet, o aumento a resistência para doenças fúngicas está crescendo a números preocupantes.
O artigo estima que cerca de 3,8 milhões de mortes anuais estão sendo causadas por patógenos que adquiriram resistência, de modo semelhante ao que acontece com a resistência das bactérias aos antibióticos.
Descrita pelos pesquisadores como “uma pandemia silenciosa”, o tratamento dessas infecções por fungos está se tornando cada vez mais difícil de ser combatida e, caso não sejam tomadas medidas a tempo, a escalada desses tipos de doenças podem tomar proporções capazes de comprometer a saúde de todo o planeta.
Os pesquisadores destacaram entre as infecções fúngicas resistentes mais comuns a Aspergillus, Candida, Nakaseomyces glabratus e Trichophyton indotineae.
Esses fungos são uma ameaça especialmente aos idosos e pessoas com a imunidade comprometida, como é o caso de pacientes com câncer ou HIV.
Outro problema apontado no artigo é que a semelhança entre as células fúngicas e as células humanas acabam dificultando o desenvolvimento de tratamentos eficazes sem causar toxicidade aos pacientes.
Infecções e agrotóxicos
O mais curioso nesse artigo é o apontamento para o uso de agrotóxicos nas lavouras. Segundo o prof. Ferry Hagen, a resistência aparece principalmente quando os agricultores utilizam fungicidas nas plantações.
“Apesar das enormes dificuldades para desenvolvê-los, vários novos agentes promissores, incluindo classes de moléculas completamente novas, entraram em testes clínicos nos últimos anos. Porém, mesmo antes de chegarem ao mercado após anos de desenvolvimento, o setor agroquímico desenvolve fungicidas com modos de ação semelhantes, o que leva à resistência cruzada. Isso nos leva de volta à estaca zero”, explicou o professor Ferry Hagen.
Solução
Como uma possível solução para o problema, os cientistas envolvidos no estudo recomendam que os países realizem um acordo global para restringir o uso de certas classes de moléculas antifúngicas em aplicações específicas, principalmente na agropecuária.
Os pesquisadores sugeriram ainda que seja feito um pacto de colaboração global que envolva a segurança alimentar e a saúde de humanos, animais e plantas.