A crescente utilização de drones por facções criminosas no Rio de Janeiro acendeu um alerta em todo o setor de segurança. A Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) promoveu uma audiência pública para debater os riscos dessa nova tecnologia. Com a participação de autoridades, como o delegado da Polícia Federal e o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, a reunião focou em discutir o uso de drones lançadores de granadas pelo Comando Vermelho (CV), uma prática que está mudando o cenário da segurança pública no estado.
A operação Buzz Bomb, conduzida pela Polícia Federal, já investiga essa grave ameaça, buscando compreender o funcionamento dessa tecnologia nas mãos de facções criminosas. O uso de drones, que inicialmente era uma ferramenta para monitoramento, agora evoluiu para a possibilidade de lançamento de explosivos, configurando um novo nível de violência no Rio de Janeiro.
Drones e terrorismo: novo desafio para as forças de segurança pública
Segundo o deputado Márcio Gualberto, presidente da Comissão de Segurança Pública da Alerj, o uso de drones por criminosos precisa ser visto como uma forma de terrorismo. Durante a audiência, ele enfatizou o perigo que essa tecnologia representa para instituições públicas e civis. “Hoje, os drones estão sendo usados entre facções rivais, mas o que impede que sejam direcionados contra o Judiciário, o Palácio Guanabara, batalhões e delegacias?”, questionou o parlamentar.
O deputado também destacou que o monitoramento das entradas das comunidades controladas pelo tráfico já era um problema conhecido pela polícia. No entanto, o uso desses dispositivos para lançar explosivos demonstra uma escalada sem precedentes no cenário de violência urbana. Essa nova estratégia está diretamente relacionada ao aumento da violência após o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que restringiu operações policiais durante a pandemia.
Expansão territorial das facções criminosas e ameaça tecnológica
Após o julgamento da ADPF 635, que impôs restrições às operações policiais nas comunidades durante a pandemia, o controle territorial pelas facções criminosas se expandiu significativamente. O deputado Márcio Gualberto apontou que o número de áreas dominadas pelo tráfico de drogas no estado aumentou de 1.413 para quase 1.900. Além disso, surgiram fenômenos como a narcomilícia e o narcoterror, que complicaram ainda mais o cenário de segurança.
Durante a audiência, discutiram-se ações conjuntas entre as forças de segurança e órgãos responsáveis pelo controle do espaço aéreo, com o objetivo de combater o uso de drones por criminosos. Estratégias para fortalecer o combate a essa prática foram propostas, mas as autoridades ainda enfrentam o desafio de adaptar as leis e táticas de defesa para acompanhar o rápido avanço tecnológico que agora está nas mãos de organizações criminosas.
Tecnologia que poderia ser vista como progresso se tornou fator de ameaça e desafios na Alerj
A tecnologia, que em outras circunstâncias poderia ser vista como um progresso, no contexto da segurança pública do Rio de Janeiro, se tornou um dos principais fatores de ameaça e desafios para as forças de segurança. A integração entre as instituições e o fortalecimento das medidas de combate são essenciais para que o uso indevido de drones seja contido antes que suas consequências alcancem proporções ainda mais devastadoras.