As intervenções dos EUA no Caribe durante o início do século 20 marcaram um ponto de virada nas relações geopolíticas da região. A disputa pelo controle econômico e territorial no Caribe envolveu grandes potências, como o Império Alemão, o que intensificou os conflitos e justificou a expansão imperialista dos EUA. Esses eventos foram moldados por uma série de fatores, como a política de dívida imperial, o crescimento dos investimentos alemães e a guerra submarina. Além disso, os interesses econômicos e políticos dos Estados Unidos foram determinantes nesse processo, especialmente após a Primeira Guerra Mundial.
O Caribe, que inclui as costas do Circum Caribe, se transformou em uma região contestada durante a Primeira Guerra Mundial. A Doutrina Monroe, proclamada em 1823, foi utilizada como base para as intervenções dos EUA, com o objetivo de evitar que potências europeias colonizassem ou interferissem nos estados das Américas. Essa doutrina serviu como justificativa para que os Estados Unidos estabelecessem seu controle na região, considerando qualquer movimento de colonização europeia como uma agressão.
Guerra Hispano-Americana: Cuba independente e protegida pelos EUA
Um exemplo claro dessa política foi a Guerra Hispano-Americana, em 1898, quando os EUA intervieram em colônias espanholas como Cuba e Porto Rico. Após a derrota da Espanha, o presidente William McKinley (1843-1901) estabeleceu governos militares em territórios como o Caribe e algumas ilhas do Pacífico. Em 1902, Cuba tornou-se independente, mas, de acordo com a Emenda Platt de 1901, continuou sob a proteção dos EUA.
O conflito de imperialismo: EUA e Alemanha no Caribe
Ao longo do século 20, tanto os EUA quanto potências europeias, como a Grã-Bretanha e a França, disputavam a influência no Caribe. O Império Alemão, por sua vez, tentava se afirmar como uma potência imperial, investindo em diversas colônias da região. Entre 1870 e o início da Primeira Guerra Mundial, os investimentos alemães se expandiram em praticamente todos os países e colônias caribenhas, incluindo a tentativa de construir uma estação naval nas Ilhas Virgens Dinamarquesas.
A construção de um canal interoceânico no Istmo do Panamá também era uma prioridade para os alemães, que buscavam conectar seus protetorados no Pacífico com a Europa. No entanto, os Estados Unidos, liderados pelo presidente Theodore Roosevelt (1858-1919), temiam a influência alemã na região e intervieram ativamente para proteger seus próprios interesses. Em 1903, os EUA ocuparam a Zona do Canal do Panamá, apoiando a independência do Panamá da Colômbia e frustrando os planos alemães.
Ameaças de conflito entre potências europeias e países das Américas
Como resposta a essas ameaças, Roosevelt proclamou o famoso Corolário de Roosevelt em 4 de dezembro de 1904. Essa política ampliou a Doutrina Monroe, declarando que os Estados Unidos tinham o direito de intervir em conflitos entre potências europeias e países das Américas para evitar qualquer interferência europeia na região. Até a entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial, em 6 de abril de 1917, o país já havia intervindo em diversas nações do Caribe e América Central, como a República Dominicana, Nicarágua, Honduras, México e Cuba. O medo de que o Império Alemão apoiasse insurgentes em Cuba foi um dos motivos para a última intervenção dos EUA na ilha em 1917.
A Primeira Guerra Mundial e a expansão americana no Caribe
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Caribe voltou a ser uma zona de intensa disputa. O envio do Telegrama Zimmermann, em janeiro de 1917, no qual a Alemanha propôs uma aliança com o México, foi um dos motivos que levaram os EUA a entrar no conflito. Outro fator decisivo foi o ataque de submarinos alemães a navios mercantes no Atlântico. Com a ameaça de operações alemãs no Caribe, os EUA temiam uma possível invasão das Ilhas Virgens Dinamarquesas. Para evitar esse cenário, os EUA assinaram um tratado com a Dinamarca e compraram as ilhas por $25.000.000, estabelecendo uma presença estratégica na região.
Durante esse período, os EUA tentaram também comprar outros territórios caribenhos, como a Jamaica e Trinidad, da Grã-Bretanha e da França, mas sem sucesso. A crescente presença americana no Caribe solidificou sua influência política e econômica na região, tornando-se uma peça-chave na sua estratégia de expansão imperialista.