O salário dos vigilantes no Brasil, mesmo com a crescente demanda por profissionais de segurança privada, continua significativamente abaixo da média salarial dos trabalhadores com carteira assinada (CLT). Dados de 2024 mostram que o salário médio dos vigilantes, de R$ 1.758,74, representa uma diferença de 40% em relação ao rendimento médio dos trabalhadores formais no Brasil, que é de R$ 2.896, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
A comparação evidencia a desigualdade no setor de segurança privada, que emprega mais de 597 mil trabalhadores em todo o país. Mesmo sendo uma profissão que exige disciplina, treinamento especializado e, muitas vezes, envolvimento direto em situações de risco, os vigilantes estão entre os trabalhadores com remunerações mais baixas do mercado formal.
Enquanto o salário médio nacional para trabalhadores CLT é de R$ 2.896, vigilantes em algumas regiões do Brasil recebem ainda menos. Por exemplo, na Região Norte, o salário médio dos profissionais da segurança privada é de R$ 1.691,49, valor 42% inferior à média nacional. No Nordeste, essa diferença é ainda maior, com o salário médio dos vigilantes em 2024 sendo de R$ 1.600,30, quase 45% abaixo da média dos trabalhadores com carteira assinada.
O contraste é mais evidente quando se observa que, além dos CLTs, outras categorias como os trabalhadores por conta própria e informais também têm salários superiores. Os autônomos, por exemplo, têm uma renda média de R$ 2.532, enquanto os trabalhadores informais, mesmo sem qualquer garantia trabalhista, recebem uma média de R$ 2.182. Ambos os valores superam os rendimentos dos vigilantes, que exercem funções de alta responsabilidade e risco.
Mesmo em estados onde o salário dos vigilantes é relativamente mais alto, como no Distrito Federal, onde a média salarial chega a R$ 2.723,41, esse valor ainda está abaixo da média nacional dos trabalhadores CLT.
Essa disparidade levanta questões importantes sobre a valorização dos profissionais de segurança privada no Brasil. A necessidade de maior reconhecimento e remuneração condizente com a importância de suas funções parece evidente, especialmente em um mercado que continua crescendo e se mostrando essencial para a segurança de empresas, instituições e até mesmo espaços públicos.
O perfil dos agentes de segurança privada
O perfil demográfico dos vigilantes no Brasil revela um setor dominado por homens, mas com uma crescente participação feminina. Em 2022, 519.397 dos 597 mil profissionais eram homens, representando cerca de 87% do total. No entanto, a participação das mulheres, que era de 11,7% em 2016, subiu para mais de 13% em 2022, totalizando 77.739 vigilantes do sexo feminino. Esse crescimento reflete um movimento gradual de inclusão no setor, que ainda é predominantemente masculino, mas que começa a abrir espaço para maior diversidade.
Em relação à faixa etária, o setor de segurança privada no Brasil se destaca pela maturidade dos profissionais. Em 2022, o número de vigilantes com mais de 50 anos alcançou 101.668, representando um aumento considerável nos últimos anos.
Além disso, o número de trabalhadores com mais de 40 anos de idade cresceu de 258 mil em 2016 para 337 mil em 2022. Esse aumento na faixa etária mais elevada sugere que muitos profissionais permanecem por mais tempo na profissão, acumulando experiência e conhecimento prático, fatores essenciais em uma área que exige decisões rápidas e precisas.
Por outro lado, o número de jovens abaixo de 30 anos vem diminuindo de forma significativa. Em 2016, havia 89.577 vigilantes nessa faixa etária, mas esse número caiu para 72.771 em 2022. Esse declínio pode indicar que o setor valoriza cada vez mais a experiência e a maturidade, atributos que são essenciais em um ambiente de trabalho que muitas vezes envolve situações de risco e o manuseio de armas.
A queda no número de jovens pode estar relacionada também às exigências mais rigorosas, à busca por estabilidade e segurança no emprego e também a falta de interesse dos mais jovens na profissão.