O Instituto Sou da Paz lançou um Mapa Das Candidaturas das Forças de Segurança. Na ferramenta, é possível observar os números de candidatos das forças de segurança em nível nacional, por estados e cidades. Outra utilização possível, é acompanhar o perfil das candidaturas e o comparativo entre as eleições. A ferramenta será alimentada com novas informações após o primeiro e o segundo turno.
De acordo com o estudo, foram eleitos 856 candidatos das forças de segurança, o maior número absoluto em comparação com os últimos pleitos.
Em 2024, 6.918 agentes concorreram a cargos municipais, uma diminuição em relação a 2020, quando 8.296 candidatos eram ligados às forças de segurança. Apesar da queda no número de candidatos, o número de eleitos aumentou: 759 vereadores, 52 prefeitos e 45 vice-prefeitos.
CARIOCAS NEGROS
Neste ano, as grandes capitais destacam-se na participação de militares nas eleições municipais, com o Rio de Janeiro liderando. As capitais Rio de Janeiro e Maceió são os únicos grandes centros urbanos entre as 10 cidades com maior percentual de candidaturas de agentes das forças de segurança.
A maioria dos candidatos são homens, com um aumento de candidaturas femininas de 6% em 2020 para 8% em 2024. A distribuição racial manteve-se semelhante a 2020, com a maioria sendo negros.
Em 2024, houve um crescimento de 10% na presença de candidatos ligados ao PL e um aumento de 3% no Novo, enquanto a participação do União Brasil caiu para 8,62%.
Entre os eleitos no primeiro turno, 95,1% são homens, 54,2% se declararam brancos, e 61,22% possuem ensino superior completo. O Partido Liberal lidera com 19,63% dos eleitos.
POLICIALISMO CONSOLIDADO
O Instituto Sou da Paz identifica que a participação de membros das forças de segurança, como policiais e militares das Forças Armadas, nas eleições brasileiras faz parte daquilo que classificou como policialismo, fenômeno que caracteriza diferentes situações em que há uma excessiva politização das forças de segurança.
Entre 2010 e 2018, cresceu 950% o número de deputados(as) oriundos das forças de segurança eleitos(as), eles(as) passaram de quatro nas eleições de 2010 para 42 no pleito de 2018. Esse fenômeno também foi observado nas eleições municipais.
“Os números tornam possível afirmar que o policialismo se consolidou na política brasileira. Se os policiais querem participar da vida política eleitoral do país, é preciso cobrar responsabilidade.
“Não dá para aceitar que o aparato da segurança pública seja usado para fins eleitorais. Nem que o medo e a violência policial cresçam como bandeira política, em detrimento de propostas baseadas em inteligência e planejamento, muito mais eficientes para reduzir a violência”, reflete Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.
“Os membros das forças de segurança possuem o monopólio estatal do uso da força e, por isso, faz-se necessário um maior controle e melhor regulamentação da participação política desse grupo”, comenta.