O MV Rubi, um navio de carga registrado em Malta, está à deriva há mais de seis semanas desde que sofreu danos logo depois de sua partida da Rússia. Com uma carga altamente perigosa de 20 mil toneladas de nitrato de amônio, o mesmo produto químico que provocou a explosão catastrófica no porto de Beirute em 2020, a situação se tornou alarmante. O nitrato de amônio, amplamente utilizado na produção de fertilizantes agrícolas, é extremamente instável quando mal armazenado ou submetido a calor e pressão, tornando-o uma ameaça em potencial.
As tentativas de atracar em portos europeus falharam devido ao estado comprometido da embarcação e à sua carga instável. Sem permissão para ancorar e realizar reparos, o MV Rubi permanece encalhado próximo à costa sudeste do Reino Unido, levantando sérias preocupações sobre um possível desastre iminente. Especialistas alertam que, em caso de explosão, o impacto seria devastador, uma vez que a carga atual do navio é aproximadamente sete vezes maior que a quantidade de nitrato de amônio que causou a explosão no Líbano.
Explosão em Beirute e o perigo em potencial causado pela má gestão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio
Em agosto de 2020, a explosão em Beirute destruiu uma grande parte da cidade, matando 200 pessoas, deslocando 300 mil e causando bilhões em danos. A tragédia foi causada pela má gestão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio. O que torna o caso do MV Rubi ainda mais aterrorizante é que ele carrega 20 mil toneladas desse mesmo composto químico — quantidade suficiente para gerar uma explosão de até 8 kilotons, o equivalente a uma bomba nuclear.
Essa ameaça não é apenas teórica. Quando submetido a condições inadequadas, como as que o navio enfrenta, o nitrato de amônio pode se tornar extremamente instável, colocando em risco toda a região. A localização atual do navio, a apenas 22 km da costa de Kent, no sudeste da Inglaterra, adiciona urgência à necessidade de um plano de ação. O impacto de uma explosão poderia devastar a infraestrutura portuária e a logística naval europeia, causando um prejuízo irreparável à economia e à segurança regional.
Suspeitas de sabotagem e medidas de segurança no navio MV Rubi
Embora o MV Rubi esteja registrado em Malta, o navio é operado pela Serenity Shipping, com sede nos Emirados Árabes Unidos, e a carga é de origem russa. Isso levantou suspeitas entre as autoridades de que o navio poderia estar sendo utilizado como uma forma de sabotagem russa, uma estratégia que visa comprometer a infraestrutura vital da Europa. Especialistas militares apontam que a Rússia já tem histórico de usar métodos não convencionais de guerra para desestabilizar regiões, e a presença de uma “bomba flutuante” nas águas britânicas não pode ser ignorada.
Autoridades lituanas e norueguesas, por exemplo, recusaram a entrada do MV Rubi em seus portos após inspeções que revelaram danos no casco, além de outras falhas de segurança. Uma dessas inspeções constatou que o navio apresentava falhas no sistema de controle e na gestão de segurança, além de um casco rachado e problemas no leme e na hélice, tornando-o incontrolável. A recusa de portos europeus em aceitar o navio, apesar de sua condição perigosa, apenas agrava a sensação de incerteza.
Resposta das autoridades e o cenário de risco
O Ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, destacou que, apesar de não haver evidências claras de intenções maliciosas, o país não pode se dar ao luxo de baixar a guarda ao lidar com situações envolvendo a Rússia. A Suécia seguiu uma postura semelhante, bloqueando a entrada do MV Rubi nos portos de Gotemburgo e Uddevalla, devido à proximidade com áreas densamente povoadas. Com o navio transportando uma carga tão perigosa, os riscos de uma explosão são imensos, e as consequências de uma falha no manejo do nitrato de amônio poderiam ser devastadoras.
Os especialistas apontam que, em caso de explosão, a carga do MV Rubi poderia gerar uma bola de fogo com 185 metros de diâmetro e uma temperatura de superfície de cerca de 6.000°C, comparável à temperatura da superfície do sol. Este cenário catastrófico poderia desintegrar rapidamente a infraestrutura portuária europeia, impactando a economia, logística e operações navais de vários países.
MV Rubi foi rotulado como mega bomba flutuante
Autoridades de segurança britânicas estão em alerta máximo, monitorando o navio que permanece à deriva no Canal da Mancha, próximo ao condado de Essex. O MV Rubi ainda está ancorado, e esforços para transferir sua carga para outro navio têm sido prejudicados pela cobertura da mídia, que destacou o potencial explosivo da situação, aumentando a pressão internacional sobre os envolvidos. O ex-embaixador da Lituânia no Reino Unido, Vygaudas Ušackas, chegou a rotular o MV Rubi como uma “mega bomba flutuante”, o que reforça ainda mais o nível de preocupação.
Implicações geopolíticas colocam OTAN e países da Europa em alerta
As recentes atividades da Rússia, principalmente em áreas de infraestrutura portuária e cabos submarinos, aumentaram os temores de sabotagem russa em meio ao conflito na Ucrânia. O incidente do MV Rubi pode ser visto como parte de uma estratégia mais ampla de desestabilização, colocando a OTAN e os países da Europa em alerta. A possibilidade de uma explosão de grandes proporções, com potencial de 8 kilotons, não só afetaria o Reino Unido, mas teria repercussões econômicas e militares em toda a região.
Em meio à crescente tensão internacional, garantir a segurança da embarcação e sua carga se tornou uma prioridade máxima. Qualquer deslize no manejo do nitrato de amônio pode resultar em uma tragédia sem precedentes, e as nações europeias estão pressionando por uma solução definitiva para esse impasse.