O setor de apoio marítimo brasileiro está em plena ascensão, com a frota prevista para atingir 500 embarcações até o final de 2024. Esse crescimento é impulsionado por bilhões em novos contratos e investimentos estratégicos, colocando o Brasil como dono da sexta maior frota de bandeira nacional do mundo. As embarcações, altamente sofisticadas, estão aptas a operar em águas rasas e ultraprofundas, reforçando a importância do país no cenário global de navegação offshore.
Investimentos bilionários impulsionam o crescimento
O crescimento do setor não aconteceu por acaso. Investimentos de mais de US$ 10 bilhões, principalmente através do Fundo da Marinha Mercante (FMM), foram cruciais para modernizar e ampliar a frota brasileira. Esses recursos permitiram a construção de embarcações tecnológicas, capazes de enfrentar desafios nas águas profundas das bacias petrolíferas.
Além disso, a Petrobras teve um papel vital nesse processo, retomando licitações importantes, como a recente contratação de 12 PSVs (Platform Supply Vessels) com contratos de até 12 anos. A exigência de 40% de conteúdo local nessas contratações ajudou a fortalecer a indústria nacional, contribuindo para a geração de empregos e novos negócios.
Crescimento acelerado da frota brasileira
Após enfrentar uma crise severa entre 2014 e 2019, quando a frota caiu de 500 para 230 embarcações, o setor de apoio marítimo se recuperou de forma sólida. Atualmente, o número de embarcações em operação já está próximo de 450, e a expectativa é que atinja 500 até o final de 2024. Esse número coloca o Brasil entre os maiores do mundo em termos de frota de apoio marítimo.
As embarcações brasileiras têm se destacado por sua capacidade de operar em diferentes condições marítimas, tanto em águas rasas quanto ultraprofundas. Isso é essencial, principalmente porque 97% da produção de petróleo e gás do Brasil ocorre em campos marítimos, o que torna o apoio dessas embarcações indispensável para a cadeia produtiva.
Desafios ainda existem
Mesmo com o cenário promissor, o setor de apoio marítimo brasileiro enfrenta desafios importantes. Um dos principais problemas é a falta de mão de obra qualificada para operar a frota em expansão. A escassez de tripulantes altamente capacitados tem gerado preocupações entre as empresas do setor. A Marinha do Brasil já está ampliando as vagas nas escolas de formação, e as empresas sugerem a criação de cursos rápidos para recertificação de profissionais.
Outro ponto de atenção é a reforma tributária, que pode impactar a competitividade da bandeira brasileira. Click Petróleo e Gás destaca ainda que o Projeto de Lei (PLP 68/2024), que tramita no Senado, inclui emendas que buscam proteger os incentivos fiscais para a construção de embarcações no Brasil. No entanto, o setor ainda aguarda uma decisão definitiva do Legislativo para garantir a continuidade desses incentivos.
Expectativas futuras: energia eólica e novos contratos
Com a crescente demanda por petróleo e gás, os investimentos da Petrobras continuarão a aquecer o setor nos próximos anos. A estatal projeta investir US$ 2,5 bilhões até 2030, com a contratação de até 38 novas embarcações de apoio offshore. Entre elas, estão PSVs, OSRVs (Oil Spill Response Vessels) e RSVs (Remote Subsea Vehicles), o que deve gerar novas oportunidades para empresas brasileiras.
Além do setor de petróleo, há também um enorme potencial no setor de energia eólica offshore. Ainda em fase inicial, essa indústria representa uma nova fronteira para o apoio marítimo no Brasil. À medida que projetos de parques eólicos no mar avançam, a demanda por embarcações especializadas tende a crescer, criando mais oportunidades de expansão.
Empresas líderes e estratégias para o futuro
Algumas empresas têm se destacado no mercado de apoio marítimo. A Bram Offshore/Alfanave, do grupo americano Edison Chouest, lidera o setor com 75 embarcações em operação. A CBO, que expandiu sua frota para 45 embarcações, é outra gigante do mercado e se posiciona como a segunda maior do Brasil. Já a Camorim, que investiu R$ 200 milhões na construção de novos rebocadores, também se prepara para uma fase de expansão.