O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, fez duras críticas ao general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército, em entrevista à CNN na segunda-feira, 14 de outubro. Segundo Gilmar, o general foi responsável por colocar as Forças Armadas em uma posição vexatória durante o processo eleitoral de 2022. Na época, Paulo Sérgio, que ocupava o cargo de ministro da Defesa, enviou diversas comunicações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) questionando a segurança das urnas eletrônicas, algo que, de acordo com o ministro, ele “não conhecia”.
Gilmar Mendes não poupou palavras ao descrever a atuação do ex-ministro. “Ele estava falando de algo que ele não sabia, ele não conhecia nada daquilo, passou um vexame, envolveu as Forças Armadas num imenso vexame, criando constrangimento, coagindo o TSE”, afirmou o ministro. Segundo ele, esse episódio marcou a história, pois nunca houve um comportamento semelhante das Forças Armadas em relação à Justiça Eleitoral.
Mendes, que já presidiu o TSE por duas vezes, destacou que sempre houve uma relação de cooperação entre o tribunal e as Forças Armadas, lembrando que as instituições militares participaram da criação das urnas eletrônicas, por meio do ITA e do IME. Para ele, o episódio de 2022 foi motivado por uma orientação do governo da época, o que teria levado ao “constrangimento histórico”.
O ministro ainda ressaltou que esse tipo de situação não deve se repetir nas próximas eleições. “Isso não vai ocorrer, nenhum candidato hoje faria isso”, disse Gilmar, referindo-se tanto ao governo atual quanto a potenciais candidatos de oposição. Para ele, o padrão de civilização das eleições brasileiras, marcado pela rapidez e transparência na apuração, deve ser mantido em 2026, como ocorreu nas eleições municipais recentes, em que “às 9 horas da noite já estávamos anunciando o segundo turno”.