Um novo capítulo está sendo escrito na história da humanidade. A NASA lançou nessa segunda-feira, dia 14 de outubro, a sonda Europa Clipper rumo a lua de Júpiter que leva o mesmo nome da nave.
A expectativa dos cientistas é que a lua abrigue vida semelhante a da Terra. Com o lançamento da nave, o objetivo da agência espacial é buscar sinais de habitabilidade em Europa, uma lua coberta de gelo que tem potencial de abrigar vida em seu oceano salgado e subterrâneo.
Ou seja, neste primeiro momento a missão irá responder se existe possibilidade de vida em Europa. Uma outra missão seria necessária para tentar detectar essa possível vida.
“É uma oportunidade para explorarmos não um mundo que poderia ter sido habitável há bilhões de anos (como Marte), mas um que pode ser habitável agora”, disse Curt Niebur, chefe da parte científica da missão.
Para determinar esse potencial de habitabilidade, a Europa Clipper irá carregar 10 instrumentos científicos para realizar os testes e medições necessários e, assim, determinar se a vida é possível em outro lugar do sistema solar.
“Europa é um dos lugares mais promissores para a busca de vida fora da Terra”, disse Gina DiBraccio, funcionária da Nasa.
A sonda percorrerá 2,9 bilhões de quilômetros entre a Terra e a lua de Júpiter, o que deve levar cerca de cinco anos e meio. Chegando lá, a nave permanecerá em missão por mais quatro anos coletando dados e realizando sobrevoos a 25 quilometros da superfície da lua.
Cerca de 4 mil pessoas estão envolvidas nessa missão que deve durar cerca de uma década ao custo de 5,2 bilhões de dólares.
Gigante e magnético
O gigante do sistema solar, Júpiter, é também um dos que possuem o maior campo magnético com uma força 20.000 vezes maior do que a da Terra.
Esse super campo magnético é o maior desafio dos cientistas. O campo magnético de Júpiter captura as partículas carregadas e as acelera em alta velocidade, essas partículas, que passam a se mover rapidamente, liberam energia na forma de uma radiação intensa que bombardeia a lua Europa e as outras luas mais próximas de Júpiter.
Essa radiação faz com que qualquer nave espacial com destino ao planeta gigante precise ser construída com componentes eletrônicos capazes de resistir a essa radiação.
“Júpiter tem mais radiação do que qualquer outro planeta em nosso sistema solar, e essa é uma das razões pelas quais explorar o sistema de Júpiter é tão desafiador”, explicou Jordan Evans, gerente do projeto Europa Clipper no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena.
“Europa fica perto da borda externa da pior parte desse cinturão de radiação”, acrescentou. “Voar perto de Europa nos expõe a esse alto fluxo de partículas prejudiciais, e então os engenheiros da missão e do Europa Clipper precisam ter certeza de que os componentes da espaçonave podem sobreviver a esse ambiente de radiação durante a nossa missão de quatro anos.”
Difícil, mas não impossível
A missão de explorar uma das luas de Júpiter começou em 2003 e está nas mãos de Curt Niebur, cientista do programa Europa Clipper. O cientista revela que a cada ano, o esforço para projetar e construir a nave parecia ainda mais difícil.
“Não houve ano mais difícil do que este último ano e especialmente este último verão”, disse Niebur. “Mas, durante tudo isso, a única coisa da qual nunca duvidamos foi que isso valeria a pena. É uma chance para explorarmos, não um mundo que poderia ter sido habitável bilhões de anos atrás, mas um mundo que pode ser habitável hoje — uma chance de fazer a primeira exploração deste novo tipo de mundo que descobrimos muito recentemente, chamado de mundo oceânico que é totalmente imerso e coberto por um oceano de água líquida completamente diferente de tudo que já vimos antes. É isso que nos espera em Europa.”
Habitabilidade é o foco da NASA
A missão da Europa Clipper não é descobrir se existe ou não vida em Europa, mas descobrir se os ingredientes necessários para sustentar a vida (como a conhecemos) estão presentes por lá, como água, energia e química.
“Você pode apostar até seu último centavo que se a Europa Clipper nos disser que sim, esses ingredientes estão lá, nós vamos bater na porta lutando por uma segunda missão para procurar vida”, disse Niebur.
“Pense no que isso significa quando você estende esse resultado para os bilhões e bilhões de outros sistemas solares nesta galáxia”, disse. “Deixando de lado a questão se ‘existe vida’ em Europa, apenas a questão da habitabilidade em si abre um enorme novo paradigma para a busca por vida na galáxia”, concluiu.