A NASA está reconsiderando a necessidade de manter uma presença humana contínua na órbita baixa da Terra (LEO) durante a transição da Estação Espacial Internacional (ISS) para futuras plataformas comerciais. A agência já mantém astronautas a bordo da ISS desde 2000, mas com o planejamento para a aposentadoria da estação em 2030, novas opções estão sendo estudadas.
Pam Melroy, administradora adjunta da NASA, mencionou essa questão durante uma palestra no Congresso Internacional de Astronáutica, realizado em Milão no dia 16 de outubro. Em seu discurso, ela destacou a importância de definir o que significa “presença humana contínua” em órbita, levantando a possibilidade de uma abordagem mais flexível para a permanência de astronautas no espaço.
De acordo com Melroy, uma das opções avaliadas seria manter uma “presença contínua mínima”, ou seja, garantir a capacidade de enviar astronautas ao espaço, mas sem a necessidade de mantê-los lá permanentemente. Isso seria particularmente importante nos estágios iniciais de desenvolvimento das estações espaciais comerciais, que podem não estar prontas para abrigar tripulações continuamente.
A administradora adjunta destacou que a NASA está em processo de análise de feedback sobre sua estratégia para a microgravidade na órbita baixa, após publicar um esboço desse plano em agosto. As discussões incluíram preocupações sobre a perda de oportunidades científicas caso haja uma interrupção na presença humana no espaço, bem como o impacto na posição dos EUA no cenário espacial global.
O conceito de “capacidade contínua” também foi abordado por Robyn Gatens, diretora do programa da ISS na sede da NASA. Gatens mencionou que a agência está inclinada a seguir uma abordagem de “batimento cardíaco contínuo”, onde a capacidade de manter astronautas em órbita está sempre disponível, mas sem necessariamente manter uma tripulação constante a bordo.
Essa decisão também levaria em consideração o modelo de negócios das empresas envolvidas na construção de estações espaciais comerciais. Melroy destacou que, para que essas estações prosperem, será essencial ter serviços de transporte de carga e tripulação, e que não adiantaria ter uma estação espacial funcional sem a capacidade de enviar pessoas para lá.
A transição para plataformas comerciais na órbita baixa faz parte de um esforço maior da NASA para desenvolver um mercado espacial comercial. A segunda fase do programa de Desenvolvimento Comercial de LEO (CLD), prevista para 2025, selecionará empresas para certificar suas estações para o uso por astronautas da NASA. A agência planeja premiar as propostas em 2026, dependendo do orçamento e da qualidade das propostas recebidas.
A estratégia da NASA visa garantir que, antes da aposentadoria da ISS, pelo menos uma estação espacial comercial e o Veículo de Desorbitação dos EUA (USDV) estejam operacionais. O USDV será responsável pelas manobras finais que reentrarão e desorbitarão a ISS com segurança. Segundo Gatens, esses dois elementos são indispensáveis para que a ISS seja retirada de operação.
A NASA também está revisando os mais de 1.800 comentários recebidos sobre o esboço da estratégia de microgravidade na órbita baixa da Terra, com planos de publicar a versão final até o final de 2024. Entre as principais preocupações levantadas estavam a sustentabilidade espacial e a necessidade de melhor explicar o porquê de se manter a presença humana em órbita.
A estratégia faz parte de um esforço mais amplo da NASA para garantir que os Estados Unidos continuem liderando a exploração e o desenvolvimento do espaço, mesmo após o fim da ISS, um marco na história da exploração espacial.
Com informações de: Spacenews