O Exército tentou abater, sem sucesso, um drone avistado próximo às instalações militares do Pelotão Especial de Fronteira (PEF) Tiriyós, localizado na floresta amazônica do Pará, fronteira com Suriname.
O fato aconteceu no final do mês de setembro, mas veio a público no último dia 18 de outubro por meio de reportagem da Agência Pública.
Entretanto, o avistamento do drone foi apenas um dos fatos estranhos que têm acontecido na região e deixado os cerca de 3 mil indígenas Tiriyó, Akuriyó, Wayana, Kaxuyana e outros grupos isolados em alerta total.
Segundo os indígenas ouvidos pela Agência Pública, há homens escondidos ou caminhando na mata e o sobrevoo regular de ao menos 2 drones que passaram em dezenas de aldeias.
Segundo Juventino Pesirima Kaxuyana, liderança indígena, foram avistadas 9 pessoas estranhas nos últimos dias, com roupa camuflada. Como os homens agem diferente dos garimpeiros, os povos locais acreditam se tratar de traficantes e temem que quando o Exército for embora, os bandidos ataquem as aldeias.
“Essas pessoas estranhas estão invadindo o território. Eles não chegaram pela trilha que a gente costuma caminhar para chegar nas aldeias. Eles chegaram por trás das aldeias, vindo da fronteira. Ninguém sabe quem é esse pessoal. A comunidade pensava que era alguém que tinha ido caçar na região, mas não era”.
Além do Exército, o PEF também conta com pessoal da Aeronáutica e está localizado a mais de 400 km de Macapá (AP) e 1,9 mil km de Belém (PA). A região não é ligada por estradas e só pode ser acessada por meio de aviões ou caminhos mata adentro.
O Centro de Comunicação Social do Exército confirmou o ocorrido narrado pelos indígenas e ainda acrescentou que “a presença desse tipo de equipamento é indicadora da tentativa de levantamento de informações com potencial para comprometer a segurança dos integrantes do Pelotão, bem como das comunidades próximas”.
“Por esse motivo, a equipe responsável pela vigilância realizou procedimento para abatê-lo, porém, sem sucesso. Até o presente momento o Exército não identificou o operador do drone, mas continua monitorando”.
Na nota, o Exército destacou ainda “que há orientações expressas para que os militares que operam na faixa de fronteira sempre reajam a quaisquer ameaças que coloquem em risco as comunidades em território brasileiro” e que as tropas “seguem vigilantes, atentas ao seu mister constitucional, mantendo-se prontas para cumprirem a sua missão na faixa de fronteira”.