No último mês, setembro de 2024, a Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira participou de um evento marcante nos Estados Unidos, ao se apresentar ao lado da Banda da Força Aérea dos EUA no Concerto de Aniversário de 77 anos da Força Aérea Americana, realizado no Memorial da Força Aérea em Arlington, Virgínia. O evento, gratuito e aberto ao público, celebrou não apenas o aniversário da Força Aérea dos EUA, mas também a parceria estratégica e cultural entre as forças militares do Brasil e dos Estados Unidos.
A apresentação contou com a presença de autoridades militares de alta patente de ambos os países, incluindo o Tenente-Brigadeiro do Ar Flavio Luiz de Oliveira Pinto, diretor geral da Junta Interamericana de Defesa, e o Major-Brigadeiro Fabio Morau, adido de defesa do Brasil nos Estados Unidos, representando o alto comando brasileiro.
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a execução da música “Hymn to The Fallen”, do filme “O Resgate do Soldado Ryan”, que prestou homenagem às vítimas dos atentados de 11 de setembro. Com mais de 350 pessoas presentes no local e o número enorme de cerca de 77 mil espectadores ao redor do mundo acompanhando via transmissão ao vivo, o concerto foi um sucesso de audiência e – nas palavras dos militares norte-americanos – a união entre as duas nações.
O coronel Don Schofield, comandante e maestro da Banda da Força Aérea dos EUA, destacou a importância do momento: “A música une as pessoas. Hoje, mostramos a confiança e parceria entre os Estados Unidos e o Brasil. Nossa música simboliza 200 anos de relações diplomáticas.” A apresentação, diz o militar, foi o ponto alto de uma colaboração que levou 18 meses de planejamento e que incluiu imersões culturais e visitas a locais históricos, como o Cemitério Nacional de Arlington.
O Capitão Paulo Rezende, maestro da orquestra brasileira, também ressaltou a experiência enriquecedora: “Uma das coisas que mais admiro nos EUA é a forma como diferentes etnias trabalham juntas de forma harmônica, como pequenas peças de um grande mosaico.”
Esse evento, que ocorreu em 13 de setembro, segundo o texto oficial dos militares norte-americanos, não só reafirmou os laços diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos, como também demonstrou o poder da música como ferramenta de união e de projeção de poder.
Em uma fala interessante, o Tenente-coronel da Força Aérea dos EUA Michael D. Hoerber, diretor de operações da Banda, deixou claro que a interação com os brasileiros tem na verdade um objetivo militar-estratégico. Ele disse que performances musicais colaborativas e histórias fotográficas com aliados demonstram projeção de soft power e desempenharam um papel importante.
“Nosso papel é usar a música como uma ferramenta para conectar culturas, fortalecer parcerias internacionais e construir relacionamentos”, disse Hoerber. “Espero que se fizermos nosso trabalho direito, o poder coercitivo dos militares dos EUA não precise ser usado. É uma solução de prevenção estratégica em um nível de segurança nacional.”
*Robson Augusto – Revista Sociedade Militar
Militar RRm, especialista em inteligência e marketing, cient. social, jornal.