A disputa pelo contrato da Força Aérea da Índia (IAF) para a aquisição de 114 caças de combate na categoria Medium-Role Fighter Aircraft (MRFA) está cada vez mais acirrada. A sueca Saab, fabricante do Gripen E/F, lançou uma oferta atraente que promete a entrega do primeiro avião em apenas três anos, caso seja escolhida. A proposta inclui uma completa transferência de tecnologia e a instalação de uma linha de produção no território indiano, fortalecendo a política de indigenização do governo local.
O diretor de campanha da Saab e chefe do programa Gripen para a Índia, Kent-Ake Molin, destacou que a empresa já iniciou conversas com parceiros privados indianos para facilitar a fabricação no país. “Estamos preparados para criar uma produção em larga escala na Índia, englobando não apenas a fuselagem, mas também sistemas e softwares”, afirmou Molin, ressaltando a rápida capacidade de adaptação tecnológica que a Saab pode oferecer.
O programa MRFA, que visa substituir parte da frota envelhecida da IAF, enfrenta desafios devido aos atrasos no desenvolvimento dos caças indianos LCA Mk1A e Mk2, projetados para atender à demanda interna. Embora a entrega do LCA Mk2 esteja prevista para iniciar por volta de 2027, a IAF enfrenta uma diminuição preocupante no número de esquadrões operacionais. A nova liderança da Força Aérea, sob o comando do Chefe do Estado-Maior, Marechal AP Singh, reafirmou a necessidade urgente de novos aviões, mesmo com o avanço no programa LCA.
A Saab, que já havia demonstrado interesse pelo contrato indiano desde 2018, reforça que sua oferta está em linha com o programa “Make in India”. Molin ressaltou que a empresa já possui um plano detalhado para a indigenização completa do Gripen, oferecendo à Índia um ecossistema autossuficiente e garantindo uma rápida entrega dos aviões de combate.
Enquanto isso, o Rafale da francesa Dassault continua sendo um forte concorrente, com a vantagem de já estar em operação na IAF. O Rafale é amplamente favorecido pela liderança militar indiana, que considera suas capacidades avançadas em combate. No entanto, a Saab não é uma novata em surpreender rivais, como demonstrado na vitória contra o Rafale na concorrência pelo fornecimento de caças ao Brasil.
Outro ponto importante na disputa é a política internacional e a pressão econômica, onde o Rafale parece levar vantagem em relação ao Gripen E. Apesar disso, o caça sueco se destaca por ser mais econômico e integrar sistemas avançados de guerra eletrônica e inteligência artificial, tornando-se uma opção atraente para a modernização rápida da IAF.
Com o apoio do governo indiano à indigenização de tecnologia militar, a Saab está confiante de que pode oferecer um produto capaz de competir não apenas em preço, mas também em capacidade tecnológica. O caça Gripen E, armado com mísseis avançados, como o Meteor, promete dar à Índia uma vantagem estratégica sobre seus vizinhos, especialmente em um cenário de crescente tensão com a China.
Com o aumento da capacidade militar chinesa, incluindo o desenvolvimento dos caças J-20, a Índia precisa acelerar a modernização de sua força aérea para manter a paridade militar. A entrega rápida e a produção local de caças como o Gripen poderiam ajudar a IAF a lidar com a crescente ameaça chinesa e melhorar sua capacidade de dissuasão no longo prazo.
A decisão final sobre o contrato MRFA será crucial para o futuro da defesa aérea indiana, e a Saab, apesar de ser considerada uma opção subestimada por muitos, aposta que sua abordagem de indigenização e tecnologia avançada poderá surpreender, como já aconteceu antes.
Com informações de: Eurasiantimes