Produtos químicos foram encontrados nas três bases de mísseis nucleares. A Força Aérea americana relatou nesta semana, mais precisamente na terça-feira, sobre o assunto. É importante destacar que os produtos foram encontrados na Base Aérea FE Warren, em Wyoming, na Base Aérea Malmstrom, em Montana, e na Base Aérea Minot, em Dakota do Norte. Entre as subtâncias, podemos citar: benzeno, clorofórmio, etilbenzeno, trans-1,2-dicloroetileno, tolueno e várias formas de xileno.
O processo de descoberta começou ao surgirem problemas graves entre os antigos e atuais missileiros, entre eles, altos índices de diagnósticos de câncer. Duas investigações se iniciaram, a primeira revelando a relação entre a doença e os trabalhadores que serviam na base aérea. Durante relatos, militares identificaram caroços no corpo, enquanto companheiros apresentavam sintomas como cansaço, fadiga e suores.
A reportagem também apontou levantamentos de que toda pessoa que trabalhava com lançamento de mísseis conhecia um amigo que enfrentava um câncer, sendo essa pessoa alguém que também havia trabalhado naquele local ou em uma situação similar. A outra investigação foi uma comparação entre a segurança e a exposição tóxica das pessoas que trabalham na reparação e manutenção dos mísseis nucleares.
Levando em conta esses antecedentes, profissionais informaram que esses trabalhadores estão submetidos a uma longa lista de substâncias tóxicas. A investigação também ressaltou que nem sempre os equipamentos de segurança estão adequadamente posicionados, colocando em risco os trabalhadores.
Relato de colaboradores
Em entrevista ao portal Military, funcionários antigos e atuais destacaram que a segurança dos colaboradores não era e nem é, muitas vezes, levada em conta; os superiores estão mais preocupados com o funcionamento das instalações propriamente ditas. Os missileiros americanos também relataram preocupação com o câncer, principalmente em tempos de crise, já que há um aumento significativo na exposição a produtos cancerígenos, como bifenilos policlorados (PCBs), tinta com chumbo, amianto e água contaminada.
Segundo a reportagem, a Força Aérea ignorou os sinais e as relações entre diagnósticos de câncer e os profissionais missileiros, há dez anos. Johnny Cole Murdock, veterano mantenedor de mísseis que trabalhou por 30 anos, alertou que os equipamentos, como luvas, existem há muito tempo e que deveriam ser descartáveis, por exemplo.
Posicionamento atual da Força Aérea
A Força Aérea se posicionou sobre o assunto e afirmou que os produtos químicos foram encontrados, porém em pequenas quantidades, algo igual ou inferior a 5%. Contudo, a Agência de Proteção Ambiental esclareceu que compostos orgânicos voláteis podem ter efeitos na saúde a curto ou longo prazo. Em declarações ao portal Military, o tenente-coronel John Severns afirmou que o percentual encontrado não oferece risco à saúde.
É importante destacar que, desde que questões sobre substâncias tóxicas e a saúde dos militares veteranos e atuais foram levantadas como pautas em 2023, a Força Aérea tem trabalhado e realizado reformas, incluindo inspeções aos locais de risco. Entre os aviadores, foram detectados variados tipos de diagnósticos, como câncer de mama, câncer de próstata, câncer de pulmão e linfoma não-Hodgkin.
Contudo, mais de 650 casos de câncer foram registrados em documentos feitos pela Torchlight Initiative, organização de missileiros. Em entrevista à imprensa, o Comando de Ataque Global da Força Aérea afirmou que mais dados serão divulgados em 31 de outubro, por meio de um encontro que também será pautado para analisar registros, diagnósticos e realizar levantamentos, a fim de obter informações mais precisas sobre o assunto.