O Exército Brasileiro deu um passo atrás nos planos de modernizar seu arsenal. De acordo com informações da revista Tecno Defesa, o Exército decidiu revogar, em meados de outubro, a aquisição dos chamados “drones kamikazes”, ou munições remotamente pilotadas (MRP). O processo, que buscava equipar as Forças Armadas com essa tecnologia de ponta, foi suspenso devido à falta de propostas válidas apresentadas pelas empresas concorrentes. Com essa decisão, o Estado-Maior do Exército anunciou que irá reavaliar o projeto e, possivelmente, retomar o processo no próximo semestre.
A revogação inesperada
A Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW) comunicou oficialmente a decisão de cancelar o pedido de cotação internacional, identificado como RFQ-0007/2024. A aquisição visava dois modelos de SMRP (munições remotamente pilotadas) para experimentação doutrinária e treinamento. Onze empresas internacionais, incluindo brasileiras, israelenses, turcas e indianas, apresentaram propostas. No entanto, o Exército informou que nenhuma das ofertas foi considerada válida, o que levou à revogação da licitação.
Histórico do projeto
O interesse do Exército Brasileiro por esse tipo de tecnologia começou em junho de 2023, com a publicação do requerimento para informações (RFI-0144/2023). Em agosto do mesmo ano, a portaria Nº 324-COTER/C Ex, publicada no Boletim do Exército, aprovou a diretriz para a experimentação doutrinária dos drones kamikazes, nas categorias 1 (alcance entre 5 e 12 km) e 2 (entre 12 e 50 km).
Em abril de 2024, a CEBW lançou um novo pedido de cotação internacional (RFQ-0007/2024) para formalizar a compra de um lote piloto desses drones. A proposta incluía o fornecimento de 14 drones de categoria 1 e seis de categoria 2, além de simuladores, munições inertes e equipamentos de apoio logístico. No entanto, a complexidade do projeto, somada à falta de propostas adequadas, resultou na suspensão do processo.
A tecnologia dos drones kamikazes
Os drones kamikazes são uma inovação tecnológica que permite ao operador monitorar o alvo antes de decidir se deve atacá-lo. Ao contrário de mísseis tradicionais, que são lançados diretamente sobre os alvos, essas munições podem “vagar” no ar em modo de vigilância, o que as torna versáteis tanto para reconhecimento quanto para ataques rápidos. Uma vez identificado o alvo, o drone pode ser direcionado para impactá-lo ou, em caso de erro, a missão pode ser abortada.
O futuro da aquisição
Apesar da revogação, o Exército não descarta retomar o processo. Com base nas informações obtidas durante essa fase de cotação, o Estado-Maior do Exército vai decidir sobre o prosseguimento da compra e da experimentação dos drones kamikazes. Por enquanto, a Argentina segue sendo o único país da América do Sul a operar oficialmente esse tipo de sistema, embora haja relatos de que Colômbia e Venezuela também possuam a tecnologia.
Essa é mais uma movimentação no contexto do Programa Estratégico do Exército ASTROS, que busca modernizar a capacidade de defesa do Brasil.