Arábia Saudita e Irã surpreenderam o mundo ao realizarem um exercício naval conjunto no Mar de Omã, um marco histórico nas relações entre esses países rivais de longa data. Após quase uma década de afastamento e tensões, o exercício, confirmado pelo Ministério da Defesa Saudita, reflete um esforço diplomático de aproximação que pode redefinir o equilíbrio de poder e segurança na região. Essa cooperação naval foi oficialmente anunciada pelo porta-voz saudita, Brigadeiro-General Turki al-Malki, destacando a importância do evento.
Esse movimento sinaliza uma possível mudança na dinâmica de segurança marítima no Oriente Médio, com impacto direto nas rotas comerciais globais e na estabilidade regional. O treinamento conjunto ressalta os interesses estratégicos distintos das duas nações e abre caminho para futuras colaborações.
Força naval do Irã atua com barcos de ataque rápido e submarinos anões para dificultar operações de forças maiores
As forças navais de ambos os países refletem estratégias e capacidades bastante diferentes. A Marinha do Irã, que conta com aproximadamente 272 embarcações, incluindo 19 submarinos, é desenhada para atuar no Golfo Pérsico com grande foco em operações rápidas e táticas assimétricas. Este tipo de guerra permite ao Irã utilizar embarcações menores e mais ágeis, com a Marinha do Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGCN) empregando barcos de ataque rápido e submarinos anões. A abordagem de antiacesso e negação de área (A2/AD) do Irã visa, principalmente, dificultar a ação de forças maiores e mais tecnológicas.
Arábia Saudita possui alta tecnologia e cooperação com EUA e Europa
A Arábia Saudita possui uma marinha menor, com 34 navios, incluindo 11 fragatas e nove corvetas, porém com um enfoque em alta tecnologia e cooperação com aliados ocidentais, especialmente os EUA e a Europa. Ao priorizar embarcações avançadas, a Arábia Saudita almeja proteger suas extensas costas no Mar Vermelho e garantir a segurança de suas rotas comerciais e exportações de petróleo. Embora não conte com submarinos, o que limita sua atuação em combates subaquáticos, o orçamento militar saudita de US$ 69 bilhões permite uma defesa mais robusta em comparação com os US$ 25 bilhões destinados pelo Irã.
Estratégias divergentes e parcerias geopolíticas sinalizando novas dinâmicas na segurança naval
O Irã utiliza sua força naval estrategicamente, focando-se na detenção das forças dos EUA e no controle do Estreito de Ormuz, uma das rotas de petróleo mais vitais do mundo. Sua tática de guerrilha marítima, que inclui operações de enxame com pequenas embarcações, representa uma ameaça às potências marítimas tradicionais que operam no Golfo.
A Arábia Saudita, por sua vez, busca uma postura defensiva aliada ao Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) e ao apoio dos EUA. Ao manter essas parcerias, Riad aposta em uma estratégia de estabilização regional e contenção da influência iraniana. Com a recente aproximação diplomática entre Arábia Saudita e Irã, essa cooperação naval sinaliza uma nova dinâmica de segurança marítima.