Uma nova empresa americana, chamada Natilus, apresentou recentemente um projeto ousado para o desenvolvimento de um avião comercial que visa competir diretamente com gigantes do setor, como Airbus e Boeing. A aeronave, chamada Horizon, possui um formato inovador conhecido como “blended wing body” (BWB), que combina a asa e a fuselagem em uma única estrutura, prometendo revolucionar a eficiência e o design interno dos jatos comerciais. O modelo, projetado para transportar até 200 passageiros, se destaca por uma economia de combustível de até 50%, um avanço importante para o setor, que busca reduzir emissões e operar de maneira mais sustentável.
De acordo com Aleksey Matyushev, CEO da Natilus, a ideia de lançar o Horizon surge da crescente demanda por aeronaves narrowbody, especialmente com o aumento da preferência das companhias aéreas por modelos de médio porte para rotas mais curtas e médias. A previsão é que cerca de 40 mil novos jatos narrowbody sejam necessários nos próximos 20 anos, mas as capacidades de produção da Airbus e da Boeing ainda são limitadas a aproximadamente 15 mil unidades cada. O Horizon, portanto, busca preencher essa lacuna e oferecer uma alternativa viável e ecologicamente eficiente para o mercado.
O formato BWB não é totalmente novo, mas a Natilus pretende ser uma das primeiras a implementar esse conceito em uma aeronave comercial de passageiros. Diferente do formato tradicional de “tubo e asas” que domina a aviação desde o início dos voos comerciais, o BWB distribui a geração de sustentação entre a asa e a fuselagem, melhorando o desempenho aerodinâmico. Segundo Matyushev, no formato convencional, as asas são responsáveis por 90% da sustentação, enquanto na estrutura BWB, cerca de 40% da sustentação é gerada pela fuselagem, resultando em menor resistência ao avanço e maior eficiência.
Outro destaque do Horizon é o aproveitamento do espaço interno, que promete ser 40% maior em volume comparado aos narrowbodies atuais, como o Boeing 737 Max e o Airbus A320neo. Essa ampliação permite novas possibilidades para o layout da cabine, incluindo áreas comuns como espaços para crianças e lounges para os passageiros. Embora o design exija sacrifícios, como a remoção de janelas em partes da cabine, a Natilus acredita que o conforto adicional, incluindo mais espaço para as pernas e áreas de circulação, compensa a mudança. Matyushev considera que, ao oferecer mais comodidade, os passageiros devem se adaptar à ideia de menos janelas.
O projeto do Horizon foi desenvolvido para operar com eficiência utilizando combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), mas a inovação do design BWB diminui a dependência de SAF para atingir metas de sustentabilidade. Embora o uso de biocombustíveis possa reduzir significativamente as emissões, ele ainda é caro e não está disponível em quantidades suficientes para atender à meta de carbono zero da aviação até 2050. Por isso, a Natilus aposta na combinação de design aerodinâmico com o uso de tecnologias já existentes.
Outra característica que facilita a aceitação da aeronave Horizon é a escolha por manter sistemas de controle convencionais, similares aos que pilotos já utilizam em modelos Airbus. O cockpit do Horizon será equipado com avanços tecnológicos de última geração, como o recurso de autoaterrissagem, mas a familiaridade com o sistema deve facilitar a transição para os pilotos e companhias aéreas. Segundo Matyushev, o projeto evita sistemas complexos que poderiam atrasar a certificação do modelo.
Apesar das vantagens, o formato BWB traz desafios logísticos, especialmente relacionados à segurança. Algumas pesquisas apontam que o tempo necessário para evacuar uma aeronave BWB pode ser maior, uma vez que os passageiros precisam percorrer distâncias maiores até as saídas. Contudo, Matyushev afirma que tais estudos consideraram modelos maiores que o Horizon, que terá capacidade e layout próximos aos do Boeing 747 e do Airbus A380, com dois níveis de cabine e várias fileiras de saídas de emergência.
A Natilus já está em diálogo com diversas companhias aéreas interessadas no Horizon, segundo o CEO, que prefere manter os nomes dos possíveis compradores em sigilo por enquanto. A empresa acredita que o mercado está ansioso por alternativas que desafiem o duopólio da Boeing e Airbus, principalmente em um momento em que ambas enfrentam dificuldades de produção e problemas de qualidade.
Embora a inovação tecnológica e as propostas de design sejam promissoras, o desafio da Natilus será conquistar as certificações e regulamentações necessárias para a operação do Horizon. Com um plano ambicioso de comercialização até o início da década de 2030, a empresa espera marcar seu espaço no mercado de aviação e oferecer uma nova perspectiva em eficiência e sustentabilidade para o futuro dos voos comerciais.
Com informações de: businessinsider