O envio da Coreia do Norte está alimentando preocupações ocidentais de que o conflito de dois anos e meio na Ucrânia possa se expandir, mesmo enquanto a atenção se desloca para o Oriente Médio.
Cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte preocupa o Ocidente
Isso pode ser um sinal de como a Rússia espera compensar as crescentes perdas no campo de batalha e continuar avançando lenta mas constantemente no leste da Ucrânia.
“O aprofundamento da cooperação militar entre a Rússia e a Coreia do Norte é uma ameaça à segurança tanto do Indo-Pacífico quanto da região euro-atlântica”, disse o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, após conversas com uma delegação sul-coreana sobre os envios norte-coreanos.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o desenvolvimento era “muito perigoso”.
O Pentágono estima que cerca de 10.000 soldados norte-coreanos foram enviados para o leste da Rússia para treinamento, acima de uma estimativa inicial de 3.000 soldados na quarta-feira passada.
Aumento do exército russo com apoio norte-coreano intensifica tensões
“Uma parte desses soldados já se aproximou da Ucrânia, e estamos cada vez mais preocupados que a Rússia tenha a intenção de usar esses soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra as forças ucranianas na região de Kursk, perto da fronteira com a Ucrânia”, disse a porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, usando um termo para uma região russa.
A inteligência militar ucraniana disse na quinta-feira que as primeiras unidades norte-coreanas foram registradas na região fronteiriça de Kursk, onde as tropas ucranianas têm operado desde que realizaram uma incursão significativa em agosto.
No entanto, o Pentágono se recusou a confirmar que as forças norte-coreanas já estavam posicionadas em Kursk.
“É provável que estejam se movendo nessa direção para Kursk, mas ainda não tenho mais detalhes”, disse Singh.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, disse que Kiev estava alertando sobre o envio há semanas e acusou os aliados de não oferecerem uma resposta contundente.
“Em resumo: ouçam a Ucrânia. A solução: levantem agora as restrições aos nossos ataques de longo alcance contra a Rússia”, disse ele no X.
Inicialmente, o Kremlin havia descartado os relatos sobre o envio de tropas norte-coreanas, chamando-os de “notícias falsas”, mas na quinta-feira Putin não negou que houvesse tropas norte-coreanas na Rússia e disse que era decisão de Moscou sobre como aplicar um tratado de parceria com Pyongyang.
Um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte não confirmou os relatos da mídia sobre o envio de tropas para a Rússia, mas disse que, se Pyongyang tivesse tomado tal ação, acreditava que estaria de acordo com as normas internacionais.
O envio de tropas norte-coreanas foi um sinal de “desespero crescente” por parte de Putin, disse Rutte.
“Mais de 600.000 soldados do exército russo morreram ou ficaram feridos na guerra de Putin, e ele não pode sustentar seu ataque à Ucrânia sem apoio estrangeiro”, afirmou Rutte.
O chefe de gabinete do presidente ucraniano, Andriy Yermak, disse que as sanções por si só não seriam uma resposta suficiente para a participação da Coreia do Norte.
Ele acrescentou que Kiev precisa de “armas e um plano claro para evitar uma maior participação da Coreia do Norte”.
“O inimigo entende a força. Nossos aliados têm essa força”, disse Yermak no X.