Aviões de combate da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoaram os céus da Guiana, um pequeno país sul-americano que mantém uma tensa disputa de fronteira com a vizinha Venezuela.
A saída envolveu dois caças Boeing F/A-18 Super Hornet, lançados a partir do porta-aviões USS George Washington com a “colaboração e aprovação” do governo guianense, conforme informou a embaixada dos EUA em Georgetown.
Disputa territorial e exercícios aéreos dos EUA
Uma foto divulgada pela embaixada americana mostra um par de Super Hornets da Força Aérea dos EUA voando baixo em formação fechada sobre a capital da Guiana. O George Washington estava na região latino-americana por aproximadamente dois meses, em trânsito para o Pacífico, parte do Carrier Strike Group Ten da Marinha dos EUA, conforme declarado pelo Departamento de Estado americano.
O rastreador de frotas do Instituto Naval dos Estados Unidos situou o porta-aviões em 6 de maio, a leste de Porto Rico, a cerca de 780 milhas (1.440 km) de Georgetown, na costa norte da América do Sul.
Descrito pelo Departamento de Estado como um “exercício de sobrevoo amigável”, a demonstração de apoio de Washington ocorreu em meio ao recente agravamento de uma disputa territorial de décadas sobre a região de Esequibo, rica em petróleo, pertencente à Guiana.
A posse desta região, que ocupa aproximadamente dois terços do território guianense, tem sido motivo de disputa com a Venezuela desde que a Guiana era uma possessão territorial britânica no século XX. Caracas reivindica Esequibo como seu, chegando até mesmo a realizar um referendo público sobre o status da região no início deste ano.
Após a votação, Caracas declarou que 95% dos venezuelanos que votaram apoiaram o estabelecimento da soberania venezuelana sobre o Esequibo. O presidente autoritário da Venezuela, Nicolás Maduro, assinou em abril uma lei reivindicando o território.
Georgetown denunciou a medida como uma tentativa de anexação e uma “violação flagrante” do direito internacional.
Desde então, Washington intensificou seu apoio à pequena nação sul-americana, enviando altos funcionários a Georgetown e prometendo ajuda militar.
Em fevereiro, o vice-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jon Finer, declarou que a assistência americana teria “um caráter fundamentalmente defensivo e se basearia no desejo de que a Guiana possa defender sua integridade territorial frente a qualquer ameaça possível”.
Apoio à Força Aérea da Guiana em parceria com os EUA
Washington se comprometeu a ajudar as forças de defesa guianenses na aquisição de novos aviões militares, embora os detalhes do acordo ainda não tenham sido divulgados.
Georgetown opera uma pequena frota de três helicópteros civis Bell, três aviões de transporte leve e nenhum caça de asa fixa, segundo dados da Cirium.
Um dia antes do sobrevoo dos F/A-18, um alto comandante do Comando Sul dos EUA concluiu uma visita de três dias à Guiana, durante a qual, aparentemente, discutiu-se o tema da ajuda à segurança.
A General de Divisão do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Julie Nethercot, que supervisiona a estratégia e a política no comando do Pentágono para a América Latina, se reuniu com o chefe do Estado-Maior militar da Guiana entre 6 e 8 de maio, segundo a embaixada americana.
Entre os temas discutidos estavam a cooperação em segurança e as “iniciativas de assistência em segurança para o desenvolvimento de plataformas tecnológicas”, segundo o Departamento de Estado.234