O que está por trás da potência hegemônica dos EUA que faz com que sejam respeitados por todo o mundo? O que o Destino Manifesto, uma mistura de mito e realidade, tem a ver com o crescimento e com a transformação dos Estados Unidos? Como se transformaram em um palco de poder e supremacia em relação a outras nações? A visão do Destino Manifesto começou em 1803 e foi um ponto de partida para que os EUA conquistassem mais de 55% do território porto-riquenho e mexicano, denominado “conquista do Oeste”.
A ideia dessa doutrina explica que os EUA estavam predestinados ao crescimento e ungidos pelos desígnios de Deus para conquistarem e realizarem o processo de expansão. Tudo começou com a chegada de colonos que eram participantes do protestantismo, incluindo alguns puritanos. Essa religião fundamentava-se na predestinação divina.
O processo de colonização ocorreu na Inglaterra e na Escócia, onde esses colonos acreditavam que estavam seguindo ordens de Deus para ocupar os territórios estabelecidos e crescer.
Como começou as ideias do Destino Manifesto
Os colonos também pregavam que as nações predestinadas ao crescimento teriam a liberdade e o autogoverno estabelecidos.
Vale lembrar que essas ideias criaram raízes no século 19, mas os primeiros colonos começaram a aparecer na Europa dois séculos antes, no século 17, principalmente após a Reforma Protestante, que dividiu a Igreja Católica na Europa.
Com isso, a Igreja Anglicana ficou para a Inglaterra e frequentemente entrava em conflito direto com os princípios e a religião da Coroa.
Diante dessa situação, os puritanos encontraram nas colônias britânicas um refúgio para expressar sua religião, seguir a predestinação e buscar os territórios pré-estabelecidos para o crescimento por ordem divina.
Anders Stephanson, historiador sueco, afirmou à BBC que uma característica de um bom americano é o fato de defender o processo de expansão, especialmente referindo-se aos anos de 1820 até 1840, quando o nacionalismo cresceu no país.
A ideia do Destino Manifesto foi crescendo e passando de geração para geração, tornando-se uma das raízes da identidade estadunidense. Abraham Lincoln, presidente dos EUA, afirmou em 1865 que o país era a última esperança para o mundo e que seria responsável por levar tanto a paz quanto a prosperidade.
Com essas ideias, territórios como Colorado, Arizona, Novo México, Nevada, Utah e partes de Wyoming, Kansas e Oklahoma foram agregados aos Estados Unidos.
Ideia de democracia para o mundo
O Destino Manifesto foi utilizado como pilar para o avanço da política externa, que, segundo eles, tinham recebido a missão de disseminar seus valores pelo mundo.
Já em 1905, o presidente Theodore Roosevelt destacou que os países poderiam levar a civilização e a conduta civilizada para outros lugares e que as intervenções dos EUA seriam feitas considerando esses pontos. O foco dessa ideia de proteção seria para os países da América Latina, por meio da Doutrina Monroe — “A América para os Americanos”.
Com isso, criou-se uma hegemonia e dominação dos EUA sobre os países da América Latina, onde essa proteção era um muro contra a territorialização da América pelos europeus, que ampliavam seus territórios em outras partes do mundo.
Permanência do Destino Manifesto no Século 20
As ideias do Destino Manifesto se firmaram ainda mais no século 20 com os presidentes George W. Bush e Barack Obama, pois ambos acreditavam no papel dos Estados Unidos como propulsores do crescimento. Nos anos 2000, por exemplo,
Bush defendeu a guerra do Iraque, afirmando que era em legítima defesa, e ressaltou mais uma vez a responsabilidade de construir um mundo mais seguro. Especialistas e historiadores dizem que essa ideia, de os EUA serem vistos como salvadores do mundo, ainda é latente, já que sempre são considerados indispensáveis em situações de crises globais ou como principais influenciadores para o resto do mundo.
Dias de Hoje
Nos dias de hoje, o pensamento de salvador que surgiu do Destino Manifesto ainda repercute, principalmente nas falas de Kamala Harris, candidata à presidência dos Estados Unidos, que afirma que muitas histórias memoráveis só poderiam ter sido escritas em solo estadunidense.
Além disso, tanto democratas quanto republicanos carregam em seus discursos a ideia de que o país é uma nação especial.