China está prestes a expandir a capacidade de sua estação espacial Tiangong, que atualmente opera em órbita baixa da Terra com três módulos conectados em um formato de “T”. Após quase dois anos de funcionamento completo, desde a chegada do módulo de ciência Mengtian, a estação poderá receber novos módulos e uma atualização que permitirá maior escala de operações científicas e missões tripuladas. O anúncio foi feito por Li Ming, presidente do comitê de ciência e tecnologia da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), durante o Congresso Internacional de Astronáutica em Milão, Itália, em 17 de outubro.
O plano de expansão da Tiangong prevê uma atualização no módulo central, o Tianhe, que permitirá a adição de mais componentes. “Estamos trabalhando para transformar a estrutura de T da estação para um formato em cruz, ou até mesmo em um ‘T duplo’,” revelou Li. Essa mudança estrutural abre espaço para uma variedade de experimentos de grande porte, que poderão ser realizados fora da estação e auxiliar em avanços científicos em várias áreas.
Além das mudanças na estrutura da estação, a China também está desenvolvendo uma nova espaçonave chamada Mengzhou. O veículo terá duas versões: uma destinada ao envio de tripulantes à Lua e outra para suportar missões na própria Tiangong. Segundo Li, o modelo lunar terá capacidade para transportar três astronautas, enquanto a versão para a estação espacial poderá levar até sete. A previsão é que a nave entre em operação em 2027, com um lançamento previsto pelo novo foguete Long March 10, também em desenvolvimento.
A Mengzhou será uma espaçonave parcialmente reutilizável, aspecto que permite à China reduzir custos e ampliar a frequência de lançamentos. O Long March 10, principal veículo para missões de baixa órbita terrestre e futuras expedições lunares, também terá versões específicas para cada missão, mostrando a ambição chinesa de alcançar a Lua com astronautas até 2030.
Além das melhorias estruturais e de transporte, outro avanço significativo será a introdução do telescópio espacial Xuntian. Também conhecido como Telescópio Espacial da Estação Espacial Chinesa (CSST), o Xuntian terá um campo de visão 300 vezes maior que o telescópio Hubble, possibilitando a realização de levantamentos amplos do céu e mapeamento de cerca de 40% do firmamento em seus dez anos de operação. O telescópio, com espelho primário de 2 metros de diâmetro e uma câmera de 2,5 bilhões de pixels, será capaz de se acoplar à Tiangong para manutenções e atualizações.
Essa expansão das capacidades científicas e tripuladas da Tiangong reflete o desejo da China de tornar a estação um centro de pesquisa internacional. “Estamos prontos para receber astronautas internacionais na estação espacial chinesa, baseando-nos nos princípios de respeito mútuo, benefício mútuo, inclusão e igualdade,” afirmou Li. A iniciativa visa estabelecer parcerias científicas e intercâmbio de tripulações com outros países, ampliando a colaboração global no espaço.
China espera que a Tiangong, que pesa cerca de 20% da Estação Espacial Internacional (ISS), permaneça ativa por pelo menos mais uma década. Com o encerramento das operações da ISS previsto para 2030, Tiangong poderá se tornar a única estação espacial habitada em órbita, reforçando a presença da China como líder em exploração espacial.
Os novos planos, que incluem a recepção de cientistas e tripulantes estrangeiros e a utilização do telescópio Xuntian para pesquisas compartilhadas, demonstram uma estratégia voltada para a ciência e a diplomacia espacial. Essa postura de abertura marca um passo importante na integração de pesquisas espaciais com a comunidade internacional e representa uma nova fase para a estação Tiangong e o programa espacial chinês.
Com informações de: Space