A SpaceX iniciou a operação de seu serviço de internet via satélite Starlink para milhares de residentes na “National Radio Quiet Zone” (NRQZ), uma região nos estados da Virgínia e da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, onde a transmissão de sinais de rádio é fortemente controlada. A decisão vem após três anos de planejamento e ajustes em colaboração com cientistas americanos para garantir que o sinal dos satélites Starlink não interfira nos telescópios de rádio que operam na área, essenciais para a captação de sinais espaciais.
O Observatório Green Bank, um dos principais centros de pesquisa da zona de silêncio, confirmou que o Starlink começou a funcionar oficialmente para quase toda a área a partir de 25 de outubro, em um período experimental que durará um ano. Durante esse tempo, a SpaceX e o observatório monitorarão possíveis interferências, buscando evitar qualquer impacto nas operações dos telescópios. A zona de silêncio foi originalmente estabelecida para proteger as observações astronômicas de interferências externas e até hoje limita o uso de Wi-Fi e de redes celulares.
Mesmo com as restrições da NRQZ, muitos moradores possuem Wi-Fi e acesso à internet via fibra óptica, mas ainda existem áreas com pouca ou nenhuma conectividade. A chegada do Starlink representa um avanço para a região, que busca equilibrar o uso da tecnologia sem comprometer as atividades científicas. Para viabilizar essa operação, a SpaceX desenvolveu um sistema que redireciona os sinais dos satélites longe dos telescópios sempre que estes estão em operação.
Atualmente, o Starlink cobre 42 das 46 áreas de comunicação em torno do observatório, onde antes o serviço era totalmente indisponível. Jim Jackson, diretor do Observatório Green Bank, destacou que a nova conectividade não apenas beneficia os residentes com uma internet de alta qualidade, mas também oferece suporte crucial a serviços de emergência e primeiros socorros que antes eram limitados pela falta de comunicação.
Contudo, a implementação do Starlink não é livre de desafios. Em algumas localidades, líderes locais argumentam que as restrições de sinal da zona de silêncio impedem o acesso adequado a serviços de emergência e comunicação, expondo os moradores a riscos. Rick Gillespie, coordenador de serviços de emergência do Condado de Pendleton, informou que uma pequena área da NRQZ, representando 0,5% do total, perdeu acesso ao Starlink após a nova parceria da SpaceX com o observatório.
De acordo com Gillespie, algumas regiões da NRQZ dependem exclusivamente do Starlink para ter acesso à internet, especialmente em locais onde não há outra opção de provedor. Ele defende que a zona de silêncio reconsidere suas restrições de forma a permitir uma comunicação mais eficiente para segurança pública e serviços essenciais.
A situação reforça a complexa interação entre inovação tecnológica e preservação científica, onde as necessidades de conectividade dos moradores precisam ser conciliadas com a missão de pesquisa espacial dos telescópios. Até o momento, as regulamentações da zona de silêncio foram ajustadas sem a participação de autoridades locais, gerando discussões sobre a necessidade de um diálogo mais abrangente.
A SpaceX e o Observatório Green Bank seguem monitorando a implementação do Starlink na região, ajustando o serviço conforme necessário para garantir que a ciência e a conectividade convivam em harmonia.
Com informações de: Pcmag