O Contra-Almirante da reserva Luiz Roberto Cavalcanti Valicente, assessor-chefe da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha , concedeu entrevista no programa governamental de rádio A Voz do Brasil neste mês de outubro e aproveitou para detalhar os avanços e a relevância do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado para a defesa nacional.
Segundo Valicente, atualmente o Álvaro Alberto se encontra na fase de detalhamento do projeto e, paralelamente, já foi iniciada a construção de sua sessão de qualificação.
O submarino será peça-chave para garantir a proteção da Amazônia Azul, área oceânica sob jurisdição do Brasil rica em recursos, biodiversidade e por onde passam 95% das exportações brasileiras.
Durante a entrevista, Valicente também acabou rebatendo preocupações externas de desenvolvimento de armas nucleares no país.
“O Álvaro Alberto tem somente a propulsão nuclear. Ou seja, ele é um submarino que evidentemente não possui armamento nuclear. Os armamentos do submarino são convencionais. Somente a sua propulsão é nuclear. É o motor do submarino que é uma planta nuclear embarcada”.
Artigo recente publicado pela Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, insinua que o verdadeiro objetivo do projeto brasileiro pode ser o desenvolvimento de armas nucleares.
O artigo aponta que o início da construção, marcado pelo corte de chapa realizado pela Marinha do Brasil, passou despercebido pela comunidade internacional e compara os esforços do Brasil aos da Austrália em um projeto similar, insinuando que o país verde e amarelo pode ter intenções além do uso civil da energia nuclear.
“O custo considerável de construir o Álvaro Alberto parece injustificado. Isso pode indicar um motivo oculto que reflete as persistentes ambições da política externa do Brasil e a natureza de seus assuntos cívico-militares”.
Ao final, o Contra-Almirante da reserva também falou um pouco sobre os impactos sociais do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha, que conta com 4 submarinos convencionalmente armados construídos 100% em solo brasileiro, sem contar o Álvaro Alberto. São eles: Riachuelo (S40), Humaitá (S41), Tonelero (S42) e Almirante Karam (S43), antes chamado de Angostura.
“Estima-se que cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos estejam sendo gerados. Também houve o intercâmbio com cerca de 20 instituições de ensino e pesquisa, além de universidades. Foram feitos contatos e intercâmbio com cerca de 400 empresas nacionais (…) Desenvolvemos a tecnologia nuclear, que pode ser usada em diversas aplicações, como na irradiação de alimentos, na medicina nuclear, que hoje é fundamental no tratamento do câncer e em uma série de outras pesquisas”.