O Japão tem intensificado seus esforços para reforçar suas forças de defesa em resposta ao cenário de crescentes tensões geopolíticas na região Ásia-Pacífico. A expansão militar chinesa e as repetidas violações do espaço aéreo japonês por Pequim são algumas das principais preocupações de Tóquio, que também observa com atenção os avanços da Coreia do Norte no desenvolvimento de mísseis, muitos deles lançados perto das águas japonesas.
Em 2022, o governo japonês anunciou uma meta ambiciosa para aumentar o orçamento militar do país, elevando-o para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2027, o que representa um aumento significativo em comparação ao tradicional limite de 1% do PIB, mantido há décadas. A medida reflete uma resposta direta aos desafios impostos por adversários regionais e à necessidade de modernização e ampliação das forças de autodefesa.
Contudo, o Japão enfrenta sérios problemas com o recrutamento militar. A baixa taxa de natalidade e o envelhecimento da população têm reduzido o número de jovens aptos ao serviço militar, dificultando o alcance das metas de alistamento. Dados do ano fiscal de 2024 mostram que as forças de autodefesa conseguiram recrutar apenas metade do número de soldados, marinheiros e pilotos inicialmente planejado, evidenciando a magnitude da crise.
Diante desse cenário, o Ministério da Defesa japonês tem adotado uma série de medidas para tornar a carreira militar mais atraente. As bases estão sendo modernizadas com dormitórios mais confortáveis e privados, além da disponibilização de internet de alta velocidade, uma exigência importante para jovens acostumados com o ambiente digital. A alimentação nas bases também está recebendo melhorias como estratégia para atrair mais candidatos.
O setor privado, com salários e benefícios mais altos, se apresenta como um forte concorrente ao alistamento militar, tornando a carreira nas forças de autodefesa menos atraente. Além disso, casos de assédio sexual vieram à tona, especialmente em relação às mulheres, que representam menos de 10% da força total. Para amenizar o problema, o governo japonês destinou recursos para melhorar a infraestrutura e implementar políticas de proteção e segurança para as mulheres alistadas.
Investimentos em tecnologia também foram anunciados como alternativa para a escassez de pessoal. Em 2024, Tóquio destinou bilhões de ienes para automação e inteligência artificial, especialmente em áreas de vigilância e patrulha, que agora contam com drones e sistemas automatizados. Além disso, novos navios de defesa aérea, projetados para operar com metade da tripulação convencional, foram desenvolvidos para garantir presença militar com menor dependência de pessoal humano.
Para ampliar a participação feminina, o Japão também fortaleceu os treinamentos de prevenção de assédio e criou conselhos especializados em apoiar mulheres dentro das forças armadas. A inclusão feminina é vista como uma solução fundamental para amenizar a escassez de efetivos e transformar a cultura organizacional, promovendo um ambiente mais inclusivo.
O Japão, diante de um cenário de intensas pressões internas e externas, aposta em uma abordagem ampla e estratégica para modernizar e adaptar suas forças de defesa, buscando garantir sua segurança em uma região cada vez mais complexa. Resta saber se essas ações serão suficientes para assegurar a sustentabilidade de suas forças armadas a longo prazo.
Com informações de: Hoje no mundo militar